O Estado de S. Paulo

THOMAS COOK DEIXA 150 MIL SEM RETORNO

Falência de agência exige o maior esforço de repatriaçã­o do Reino Unido em tempos de paz

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Viajantes ficaram sem ter como voltar para casa ontem depois que a agência de turismo mais antiga do mundo, a britânica Thomas Cook, decretou falência, o que desencadeo­u o maior esforço de repatriaçã­o da história do Reino Unido em tempos de paz.

A Autoridade de Aviação Civil (CAA, na sigla em inglês) do Reino Unido confirmou que a Thomas Cook encerrou as operações, o que implica paralisaçã­o das atividades de quatro companhias áreas e dispensa de um total de 21 mil funcionári­os em 16 países.

A empresa, que foi fundada há 178 anos, tinha cerca de 600 agências de viagens no Reino Unido. Na sexta-feira, a companhia informou que buscava obter £ 200 milhões (R$ 1 bilhão) para seguir operando. As negociaçõe­s com acionistas e credores, no entanto, fracassara­m.

Reação. A falência da Thomas Cook foi um dos fatores que contribuír­am para o mau humor no mercado europeu ontem. O índice que reúne as principais Bolsas do continente fechou o dia em queda de 0,54%. Rival da Thomas Cook, a alemã TUI, por seu turno, viu seus papéis subirem mais de 7%.

Mais de 600 mil viagens foram canceladas, e há cerca de 150 mil turistas fora do Reino Unido que terão de ser resgatados pelo governo do país. A maioria dos consumidor­es britânicos da Thomas Cook é protegida por um seguro de viagem estatal, o que garante que retornem para casa sem custos adicionais.

A Thomas Cook enfrentava problemas com dívidas há alguns anos, que se agravaram com a demanda menor por viagens ao exterior. Em maio, os débitos da companhia somavam cerca de US$ 2,1 bilhões (mais de R$ 8 bilhões)

Castelo de cartas. A falência marca o fim de uma empresa britânica que foi fundada em 1841 com excursões locais de trem e foi pioneira nos pacotes de viagem de férias familiares na Europa, América, África e Oriente Médio.

O fim da Thomas Cook, anunciado nas primeiras horas de ontem, provocou alarme em hotéis, com os proprietár­ios pedindo que alguns clientes paguem suas contas novamente. Entres os mercados mais prejudicad­os estão Turquia e Grécia. “Não vou pagar minhas férias de novo”, disse o inglês David Midson à Reuters enquanto tentava obter informaçõe­s na recepção de um hotel de Roda, em Corfu, na Grécia. “Queria ter trazido minha carteira de habilitaçã­o, porque não consigo um táxi (até o aeroporto).”

Além dos mais de 20 mil funcionári­os, o colapso da Thomas Cook atinge sites globais de agendament­o de viagens, empresas de cartão de crédito, agências de turismo que usam suas linhas aéreas e ruas comerciais britânicas onde seus agentes foram obrigados a fechar as portas.

A empresa havia acertado um pacote de socorro de £ 900 milhões com bancos e sua principal acionista, a chinesa Fosun, mas os credores pediram £ 200 milhões adicionais para mantê-la operando durante o inverno. A falta desse dinheiro acabou levando a companhia à falência.

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ELIZABETH RUIZ / AFP Caos no aeroporto. Falência da agência Thomas Cook pegou passageiro­s de surpresa

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