‘Ahhhhh bons tempos’
“Na minha época era assim”, ou “ahhhhh bons tempos” são frases que todos escutamos muito e prometi que nunca falaria isso com o objetivo de diminuir algo que acontece agora. E não o farei. Afinal, a minha época é sempre o agora. Mas (com licença) bons tempos quando eu frequentava às terças o Sesc Pompeia com shows gratuitos de uma geração que estava começando a gravar e lançar disco. Assisti lá a alguns nomes ainda sem disco lançado: Thiago Pethit, Jonas Sá, Filipe Catto, Bixiga 70 tantos outros. Ahhhhhh bons tempos. Apesar de todos os retrocessos que estamos passando, bom tempo é hoje também. Com tantos passos para trás, vejo artistas se posicionando, muita gente nas manifestações e articulações para entendermos o que nos acontece.
Nisso tudo, o Sesc faz um trabalho fundamental para as artes em São Paulo. FUNDAMENTAL mesmo.
E dentre tantas coisas que fez e faz, a boa-nova é que o projeto chamado Prata da Casa está de volta ao Sesc Pompeia no ano em que completa duas décadas de atividades.
O Prata da Casa, essa iniciativa que selecionava artistas com até um trabalho autoral lançado, parou por três anos e agora podemos comemorar a retomada com algumas alterações. O novo Prata funciona assim: os artistas poderão se inscrever entre os dias 26 de setembro e 3 de outubro no site sescsp.org/pratadacasa, uma comissão curadora irá avaliar as bandas e os selecionados tocarão na Comedoria do Sesc Pompeia em uma terça à noite, de graça, e com tudo custeado pelo Sesc. Uma oportunidade e tanto.
Esse projeto foi muito importante para a música brasileira e volta em boa hora. Tantos artistas passaram por esse palco: Vanessa da Mata, Romulo Fróes, Iara Rennó, Marcelo Jeneci, Russo Passapuso. Fabiana Cozza descreve como foi para ela: “Foi a primeira oportunidade que eu tive de cantar para um público grande, para uma plateia que já tinha certa frequência no Sesc Pompeia. Isso me marcou, por ser minha estreia em um espaço onde eu desejava muito cantar e em que, depois, tive a oportunidade de me apresentar muitas vezes. Sigo acreditando que o Prata da Casa desvele uma série de talentos que merecem ser conhecidos”.
Nem sei quantas primeiras vezes eu vi nesse palco... Foram muitos artistas que hoje circulam pelo País e são parte da história da música brasileira. Abrir espaço e fomentar a arte. Cuidar da cultura é cuidar do nosso país, que anda bem machucado. Feliz de ver o Prata da Casa de volta enquanto tantos incentivos são ameaçados e obras são censuradas. Mais uma prova da enorme contribuição do Sesc para a cultura do nosso país. Vamos ocupar esses espaços.