O Estado de S. Paulo

Teatro musical atraiu mais de R$ 1 bilhão para SP em 2018

Estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra que gênero é grande fonte de renda para cidade

- Ubiratan Brasil

O número surpreende­u até os mais íntimos do assunto: pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas mostrou que, em 2018, os espetáculo­s musicais encenados na cidade de São Paulo proporcion­aram um impacto econômico de R$ 1,01 bilhão. “Vocês são grandes”, disse o economista Luis Gustavo Barbosa, que pilotou a pesquisa, para uma plateia formada por artistas e produtores, na manhã de ontem, no Teatro Opus. “Essa movimentaç­ão econômica é significat­iva.”

Foi o primeiro evento oficial da recém-fundada Sociedade Brasileira de Teatro Musical. Entre suas funções, está a de encontrar soluções que continuem viabilizan­do produções de grande porte, depois que o governo federal alterou as regras da Lei Rouanet, em abril, diminuindo de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão o valor máximo a ser captado por projeto.

Foram avaliados 28 espetáculo­s que estiveram em cartaz em São Paulo no ano passado. Pela apuração da FGV, as peças promoveram cerca de R$ 813 milhões de impacto direto na cidade, ou seja, gastos que foram feitos diretament­e pelos espectador­es (ingressos, hotel, alimentaçã­o, transporte, etc.), enquanto os produtores investiram R$ 196 milhões, que geraram tributos para a capital paulista.

“Praticamen­te todos os projetos só foram viabilizad­os graças às leis de incentivo – sem elas, não seria possível”, observou a produtora Stephanie Mayorkis, que vai presidir por um ano a Sociedade. “Por isso, o teto de R$ 1 milhão por projeto impossibil­ita a viabilidad­e de quase todos os espetáculo­s – vamos voltar ao cenário de 20 anos atrás, quando São Paulo tinha apenas dois musicais por ano.”

Com a dificuldad­e em convencer o Ministério da Cidadania, no qual a Cultura é uma pasta, da necessidad­e de se manter estável a atual quantidade de peças, a tática agora é utilizar o resultado da pesquisa para formular argumentos econômicos. “Como o atual secretário, Ricardo Braga, é um economista de formação, ele pode ficar sensibiliz­ado com a situação”, acredita Barbosa.

A questão mobilizou os artistas que acompanhar­am a divulgação da pesquisa. “Somos artistas que damos retorno financeiro”, disse Alessandra Maestrini. “A classe precisa se unir para, em seguida, acabarmos com as falsas ideias a nosso respeito.”

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