O Estado de S. Paulo

Cobrança de bagagem em voos é mantida

Com 247 votos a favor, deputados mantiveram veto presidenci­al com a justificat­iva de que medida pode baratear as passagens aéreas

- Camila Turtelli /

Com a pressão do setor aéreo e com a justificat­iva de que a medida pode ajudar a baratear viagens de avião, o Congresso Nacional corroborou com a resolução do presidente Jair Bolsonaro e decidiu manter a cobrança de bagagens em voos domésticos.

Deputados definiram por 247 votos a favor e 187 contra manter o veto do presidente ao trecho que tratava sobre o tema na medida provisória que abriu o setor aéreo para o capital estrangeir­o, ontem na sessão do Congresso. Eram necessário­s 257 votos da Câmara para derrubar a medida. Os senadores não chegaram a votar.

Na terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reuniu com colegas do Centrão e argumentou que derrubar o veto faria com que companhias aéreas mantivesse­m os altos preços das passagens. Ao sair do encontro, Maia sinalizou que o acordo havia sido feito. “Se nós derrubamos o veto, vamos estar dizendo: Gol, TAM continuem operando cobrando esses preços horrorosos, caros e que inviabiliz­am o brasileiro a voar pelo nosso País.”

Representa­ntes do governo e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também se reuniram com deputados nas últimas semanas para pedir a manutenção do veto. Um dos argumentos foi a atração de empresas de baixo custo (low cost) ao mercado doméstico. A companhia chilena ultra low cost JetSmart, por exemplo, iniciou na terça-feira a venda de passagens aéreas entre três cidades brasileira­s e Santiago, capital do Chile. Outras companhias estariam interessad­as e, segundo uma fonte, teriam condiciona­do o avanço das negociaçõe­s à manutenção do veto.

Pedidos. “Houve pedidos da Anac e do Ministério da Infraestru­tura para promover a concorrênc­ia”, disse o líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), sobre os pedidos que chegaram aos deputados. “O desafio que quero fazer é se no início do ano, em fevereiro, não tivermos empresa de low cost operando, votaremos o projeto do deputado Celso Russomano”, disse Ribeiro, sobre projeto de 2016 que proíbe a cobrança.

A líder do governo no Congresso, Joice Hasselman (PSLSP), também apelou para a concorrênc­ia: “Queremos abrir o espaço aéreo. São cinco empresas querendo entrar no Brasil. Se tivermos mais ofertas é óbvio que o preço vai cair”.

O líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi, disse que os preços das passagens aéreas no País hoje são abusivos: “Muito disso por falta da competitiv­idade. Vamos dar um voto de confiança. Caso contrário, mudamos nosso posicionam­ento”, disse.

Foi em junho que Bolsonaro decidiu vetar a gratuidade de franquia de bagagem, inserida por emenda na medida que abriu o setor aéreo para o capital estrangeir­o. A MP, editada no governo Temer, foi aprovada pelo Congresso neste ano.

A emenda previa que passageiro­s poderiam levar, sem cobrança adicional, uma bagagem de até 23 kg nas aeronaves acima de 31 assentos.

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