O Estado de S. Paulo

O NOVO FAZ-TUDO DO PRESIDENTE

Ex-prefeito de NY virou escudeiro de Trump

- / NYT e WPOST

Os últimos escândalos de Donald Trump colocaram sob os holofotes seu advogado pessoal do presidente, Rudolph Giuliani. Desde o começo do ano, Giuliani se tornou uma espécie de Michael Cohen, ex-advogado e faz-tudo que rompeu com o presidente.

Giuliani é responsáve­l por explorar o relacionam­ento dos EUA com a Ucrânia, segundo funcionári­os do governo americano. Vários assessores demonstrar­am preocupaçã­o com o caminho da relação entre os dois países após reportagen­s e entrevista­s em que Giuliani, defende opiniões que não são parte da política de segurança dos EUA.

Giuliani parece ter identifica­do em Volodimir Zelenski, presidente ucraniano, um neófito político, um potencial aliado para encontrar munição contra o ex-vice-presidente Joe Biden. Após a conclusão da investigaç­ão do procurador especial, Robert Mueller, sobre o papel da Rússia nas eleições de 2016, Giuliani voltou sua atenção para a Ucrânia.

Ele tinha seus próprios emissários que estavam se reunindo com autoridade­s, organizand­o reuniões para ele e enviando informaçõe­s que ele poderia usar nos EUA. A embaixador­a americana na Ucrânia, Marie Yovanovitc­h, tornou-se o principal alvo de Giuliani. Funcionári­a de carreira do Departamen­to de Estado, ela foi acusada de divulgar informaçõe­s compromete­doras sobre membros do governo com negócios na Ucrânia – como o ex-chefe de campanha Paul Manafort.

Giuliani manobrou para retirar Yovanovitc­h de Kiev. Poucos dias depois de sua queda, em 9 de maio, o advogado de Trump assumiu um papel diplomátic­o não autorizado, anunciando planos de viajar para a Ucrânia para pressionar por investigaç­ões que “seriam muito úteis” para o presidente. Giuliani cancelou a viagem em meio às reações negativas, mas se encontrou com um dos principais assessores de Zelenski em Madri e pressionou pela ajuda da Ucrânia contra Biden.

Em Washington, funcionári­os do governo, de fora do círculo mais próximo de Trump, estavam consternad­os com a deposição de Yovanovitc­h e reagiram com crescente alarme às atividades de Giuliani. O então conselheir­o de Segurança Nacional John Bolton ficou indignado com o que chamou de “terceiriza­ção de um relacionam­ento com um país que luta para sobreviver à agressão russa”.

Em entrevista à Fox News, na terça-feira, Giuliani disse que havia sido recrutado pelo Departamen­to de Estado para intervir na questão da Ucrânia. “Você sabe o que eu fiz e a pedido de quem? O Departamen­to de Estado”, disse ele, segurando o celular para indicar que os registros de chamadas apoiariam sua afirmação.

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ANGELA WEISS / AFP Apoio. Giuliani: linha de frente da defesa do presidente

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