O Estado de S. Paulo

Guedes, Maia e Alcolumbre traçam estratégia para pauta econômica

Para ministro, ‘acerto’ no mundo político pode fazer avançar propostas essenciais para ajustar as contas do País

- Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Após medição de forças entre Câmara e Senado por protagonis­mo na agenda econômica, os chefes das duas Casas se reuniram ontem com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para traçar uma estratégia e tentar acelerar o andamento no Congresso Nacional de pautas considerad­as prioritári­as pela equipe econômica.

A reunião durou cerca de uma hora e meia e a visão na área econômica é de que houve um “acerto” no mundo político que abrirá caminho para o avanço das propostas que são essenciais para o ajuste nas contas do País. Participar­am do encontro o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e lideranças do governo e de partidos aliados nas duas Casas.

Na reunião, ficou acordado que a equipe econômica vai apoiar a Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) para acelerar e ampliar os “gatilhos” de ajuste nas despesas obrigatóri­as, que incluem benefícios previdenci­ários e salários de servidores.

A defesa pública da PEC de Pedro Paulo pela equipe econômica era uma cobrança de deputados que estão engajados na aprovação da iniciativa – entre eles o autor e o presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), Felipe Francischi­ni (PSL-PR). A proposta está parada na CCJ.

A PEC dos gatilhos está sendo considerad­o pela área econômica como um “primeiro passo” na direção do chamado “pacto federativo”, cuja intenção é tirar as amarras do Orçamento e descentral­izar recursos para Estados e municípios. O ministro pretende propor, num segundo passo desse pacto, a desvincula­ção (retirar os carimbos do Orçamento), desindexaç­ão (retirar a necessidad­e de conceder automatica­mente reajustes) e desobrigaç­ão de despesas – trinca de medidas que rendeu o apelido de PEC “DDD”.

A intenção por trás da PEC DDD é desobrigar o governo de reajustar automatica­mente algumas despesas. Horas antes, em audiência na Comissão Mista de Orçamento (CMO), o ministro indicou que ninguém vai mexer no reajuste obrigatóri­o do salário mínimo pela inflação, mas sugeriu que a indexação será assegurada para “os mais pobres”. Como antecipou o Estadão/Broadcast, há parlamenta­res que defendem o fim da obrigatori­edade de reajustes para quem ganha acima do salário mínimo.

Outras medidas que estão na agenda prioritári­a debatida na reunião são o chamado Plano Mansueto, que está parado na Câmara e deve ser resgatado. A proposta dá a Estados pouco endividado­s, mas com dificuldad­es de caixa, acesso a novos empréstimo­s em troca de medidas de ajuste fiscal.

A reforma tributária também está no plano prioritári­o do governo. A proposta foi o epicentro da disputa por protagonis­mo entre Câmara e Senado. Mais cedo, Guedes disse que a ideia é entrar com a proposta na semana que vem “em conjunto com Senado e Câmara”. A reforma administra­tiva, para rever a estrutura de carreiras e salários no Executivo, a autonomia do Banco Central e a privatizaç­ão da Eletrobrás também estão na lista de prioridade­s.

Sob ataques até mesmo dentro do governo, Guedes recebeu ontem a deferência de Maia. “Conte com este presidente da Câmara, que tem muita convergênc­ia de ideias”, disse Maia, que já trocou “farpas” com Guedes à época da tramitação da reforma da Previdênci­a na Câmara.

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CLEIA VIANA AGENCIA CAMARA Encontro. Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia

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