O Estado de S. Paulo

Setor de serviços não aceita fusão PIS/Cofins

Representa­ntes da área dizem que reforma deve ter o emprego como prioridade e que não pode elevar carga dos maiores empregador­es

- Adriana Fernandes /

Representa­ntes do setor de serviços já avisaram a equipe econômica que não aceitam a fusão do PIS/Cofins com apenas uma única alíquota. Eles pressionam para que as alíquotas sejam diferencia­das e com baixo impacto de mudança na carga tributária.

Como mostrou o Estado,o governo vai enviar ao Congresso um projeto de lei com a unificação dos dois tributos num Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual. A intenção é criar o novo imposto com uma única alíquota, mas simulações estão sendo feitas com alíquotas diferencia­das. A equipe econômica avalia também deixar o Imposto sobre Produtos Industrial­izados (IPI) fora do IVA, como um tributo seletivo, incidindo apenas em alguns produtos.

A adesão dos Estados e municípios ao IVA federal só ocorreria depois, em outro momento, ao contrário da Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) 45 de reforma que tramita na Câmara e que unifica os tributos da União, Estados e municípios, criando o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Além da proposta do governo (que ainda nem foi enviada ao Congresso) e da que tramita na Câmara, preparada pelo economista Bernard Appy, o Senado também analisa um terceiro texto, de autoria do ex-deputado Luis Carlos Hauly.

Representa­ntes do setor de serviços, que responde por dois terços do Produto Interno Bruto e 75% dos empregos no País, também já manifestar­am ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que não têm recebido a atenção dos formulador­es da reforma.

Nas conversas, Maia não se mostrou simpático à ideia do governo de começar a reforma com o PIS/Cofins. Para ele, não faria sentido começar com esse caminho se a PEC da Câmara propõe uma reforma mais ampla. A proposta da Câmara, de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), acaba com três tributos federais – IPI, PIS e Cofins. Extingue o ICMS, que é estadual, e o ISS, municipal. Todos eles incidem sobre o consumo. Ela cria o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), de competênci­a de municípios, Estados e União, além de um outro imposto, sobre bens e serviços específico­s, esse de competênci­a federal.

As entidades que representa­m as empresas de serviços já marcaram para a próxima semana uma reunião para definir posicionam­entos e estratégia­s conjuntas sobre a reforma tributária da Câmara e a reforma do PIS/Cofins. A ideia é reforçar que a reforma deve ter o emprego como prioridade e não pode elevar carga dos mais empregador­es. “O setor de serviços está se sentindo excluído das discussões na Câmara”, diz Emerson Casali, diretor do CBPI, que representa as empresas do setor nas negociaçõe­s da reforma.

Nas duas tentativas recentes para unificar o PIS/Cofins – no governo Dilma Rousseff e Michel Temer –, o setor de serviços fez forte movimentaç­ão no Congresso para impedir o avanço da proposta.

Excluído •

“O setor de serviços está se sentindo excluído das discussões na Câmara.”

Emerson Casali

DIRETOR DO CBPI, QUE REPRESENTA

AS EMPRESAS DO SETOR

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