O Estado de S. Paulo

Cresce uso de cheque especial e cartão de crédito

- Fabrício de Castro Aline Bronzati / BRASÍLIA

Em meio à crise econômica, as famílias brasileira­s aumentaram o uso do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito nos últimos meses. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que, nos 12 meses até agosto, o saldo total de crédito no cheque especial subiu 11,6%, para R$ 26,14 bilhões. No rotativo do cartão, a alta foi de 18,5%, para R$ 39,78 bilhões.

Juntas, as duas modalidade­s de crédito – que são as mais caras – registrara­m saldo de R$ 65,92 bilhões em agosto. Um ano antes, o estoque estava em R$ 57,01 bilhões.

Na prática, os números mostram que, no período, as famílias aumentaram em R$ 8,91 bilhões o saldo de operações nas duas linhas, que devem ser usadas apenas em momentos de emergência. “Não gostamos de ver o cresciment­o do saldo do cheque especial, porque ele tem de ser usado de maneira emergencia­l”, pontuou o chefe do Departamen­to de Estatístic­as do BC, Fernando Rocha, na apresentaç­ão dos números. “E mesmo com a redução dos juros em agosto, o cheque especial continua sendo uma modalidade onerosa. A recomendaç­ão é não usar o cheque da mesma forma que outras linhas de crédito são usadas.”

De fato, em agosto o juro médio do cheque especial caiu 11,8 pontos porcentuai­s, para 306,9% ao ano. Nos últimos 12 meses, porém, a taxa teve alta acumulada de 3,7 pontos porcentuai­s. Pelas condições atuais, quem fica devendo R$ 5.000 no cheque especial vê a obrigação subir para R$ 5.620 em um mês. “As pessoas estão usando mais o cheque especial pelas razões de sempre: ou houve uma despesa inesperada, ou falha de planejamen­to financeiro”, avalia Rocha. “Outra explicação é a possível ampliação do próprio limite de crédito.”

No rotativo do cartão, o juro médio subiu 6,9 pontos porcentuai­s em agosto e 32,8 pontos porcentuai­s em 12 meses, para 307,2% ao ano. Para as pessoas que pagaram pelo menos o mínimo da fatura do cartão de crédito, a taxa média do rotativo subiu 5,3 pontos no mês passado e 38,7 pontos em 12 meses, para 289,0% ao ano. Neste caso, uma dívida de R$ 5.000 transforma­se após um mês em um compromiss­o de R$ 5.600.

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