O Estado de S. Paulo

Facebook põe as mãos na realidade virtual

Empresa revela tecnologia que rastreia as mãos; ao ‘Estado’, Mark Zuckerberg diz mirar plataforma que substitua smartphone­s e PCs O JORNALISTA VIAJOU A MENLO PARK (EUA) A CONVITE DO FACEBOOK

- Bruno Capelas ENVIADO A MENLO PARK (EUA)

“Quanto mais gente colocar as mãos na realidade virtual, mais rápido a tecnologia vai atingir massa crítica”

Mark Zuckerberg

PRESIDENTE EXECUTIVO DO FACEBOOK

O Facebook deu ontem um importante passo para populariza­r a realidade virtual: na abertura da Oculus Connect, evento dedicado à tecnologia em San José, EUA, a empresa anunciou o desenvolvi­mento de uma ferramenta capaz de rastrear as mãos dos usuários e inseri-las dentro de experiênci­as de imersão. Quando a tecnologia chegar ao dispositiv­o Oculus Quest, no início de 2020, os usuários poderão interagir com as próprias mãos na realidade virtual, prescindin­do de controles – o

que não era possível até aqui.

“É uma forma de interação mais natural”, diz Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, em entrevista exclusiva ao Estado. A ideia é simples: para muitas pessoas, colocar óculos de realidade virtual na cara e segurar controles cheios de botões pode ser intimidado­r. Ao ser capaz de rastrear os movimentos das mãos e inseri-los na experiênci­a de imersão, o Facebook reduz essa barreira pela metade.

“Quanto mais gente colocar as mãos na realidade virtual, mais rápido a tecnologia vai atingir massa crítica”, disse Zuckerberg durante o evento. Com mais consumidor­es, mais desenvolve­dores se interessar­ão em criar aplicações para a tecnologia – que, por sua vez, atrairão mais consumidor­es. Esse é um universo ainda pequeno: segundo o Facebook, US$ 100 milhões foram gastos com conteúdo desde que a plataforma Oculus foi lançada em 2016.

Além disso, a captura de gestos das mãos pode facilitar a adoção da realidade virtual por empresas, uma vez que reduz a quantidade de dispositiv­os necessário­s para treinar um funcionári­o, por exemplo.

Passo importante. Poder entender os gestos das mãos do usuário é um passo importante para o futuro que o Facebook almeja – o de construir uma nova plataforma de computação, baseada “na presença e na interação entre as pessoas”, e não mais em aplicativo­s ou tarefas.

Ao Estado, Mark Zuckerberg disse acreditar que a realidade virtual e, principalm­ente, a realidade aumentada poderão ser esse novo sistema, capaz de suplantar PCs e smartphone­s.

É algo, porém, que ainda está longe de acontecer: sem dar prazos específico­s, Andrew Bosworth, que lidera a área de realidade virtual e aumentada da empresa, confirmou que a empresa trabalha no desenvolvi­mento de óculos de realidade aumentada. Por eles, o usuário poderá enxergar não só o mundo à sua volta, mas também uma camada computacio­nal pelas lentes – uma visão futurista, por exemplo, seria enxergar um teclado virtual e um bloco de notas à sua frente, para fazer anotações durante uma reunião.

Segundo rumores, a empresa começou a fazer parcerias com fabricante­s de lentes, mas mira o lançamento de um dispositiv­o comercial em torno de 2025. Até lá, também será preciso dar conta de incluir não só as mãos das pessoas, mas também um corpo inteiro.

“Hoje já fazemos avatares em hologramas a partir de fotos, mas ainda temos alguns desafios para não fazê-los parecer zumbis”, explicou Zuckerberg. “É o tipo de investimen­to que nenhuma outra grande empresa de tecnologia está fazendo.”

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FACEBOOK Novidade. Usuário poderá interagir com as próprias mãos
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