SP tem menor índice de homicídios em 18 anos
Foram 6,25 mortes para 100 mil habitantes no Estado; segundo o governador, a redução de óbitos provocados por policiais não é meta
O governo do Estado de São Paulo anunciou ontem redução na taxa de homicídios. Em agosto, o índice foi de 6,25 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, o menor já registrado desde 2001. Em entrevista coletiva convocada para apresentar os dados, o governador João Doria (PSDB) afirmou que não é meta de sua gestão reduzir casos de mortes provocadas por policiais durante o enfrentamento à criminalidade.
Em agosto de 2018, a taxa de homicídios era de 7,4 por 100 mil habitantes. Ao todo, 203 pessoas foram assassinadas em agosto deste ano, ante 224 no mesmo mês de 2018. “É um número histórico na vida do País. É um índice usado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar a segurança em regiões de todo o mundo”, disse Doria. Segundo o governo, o Estado teve redução de 45% nos homicídios na última década.
Sobre a letalidade policial, Doria afirmou que a redução nesse indicador “pode acontecer, mas não é obrigatoriedade”. “A polícia de São Paulo tem orientação clara, de origem em seus protocolos, tanto na área militar quanto na área civil, para uso progressivo da força.”
“Naturalmente, na proporção, o índice de letalidade (em São Paulo) é maior porque há circunstâncias de enfrentamento com bandidos na situação de pronta resposta, ele reage e reage com arma de fogo e, nessa circunstância, entre a vida de um bandido e a vida de um policial, quem vai para o cemitério é o bandido”, disse Doria.
Entre janeiro e ontem, segundo a Polícia Militar, 506 pessoas morreram em ações da PM classificadas como “morte decorrente de intervenção policial”, quando suspeitos são mortos em confrontos. O índice é menor do que o registrado no mesmo período de 2018, quando houve 642 casos. Dados gerais, que incluem números da Polícia Civil, não foram divulgados.
Questionado, Doria negou que a coletiva tivesse sido convocada para contrapor o cenário paulista com o do Rio, Estado com mais de mil mortes praticadas por PMs no primeiro semestre. O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), enfrenta críticas desde a morte de Ágatha Félix, de 8 anos, na semana passada. A menina foi atingida por um tiro de fuzil e, segundo testemunhas, não havia confronto no momento do disparo.
Ontem, Doria também rebateu relatório da Ouvidoria das Polícias, divulgado há uma semana, que apontou sinais de possível execução (quando suspeitos se rendem e são mortos) em quatro das 11 mortes provocadas por PMs em Guararema, no interior do Estado, em abril. “Não houve nenhum excesso”, disse. Os inquéritos estão em andamento. Os PMs que participaram da ação foram condecorados pelo governador em abril.