Gilmar diz que ex-PGR é um ‘potencial facínora’
Em resposta à revelação de Rodrigo Janot, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou, em nota, que o ex-procurador-geral deve buscar ajuda psiquiátrica e, durante entrevista, disse que não imaginava que houvesse um “potencial facínora” no comando da Procuradoria-Geral da República – Janot comandou o Ministério Público Federal entre 2013 e 2017. Ao Estado, Janot disse que chegou a ir ao Supremo armado com a intenção de matar Gilmar a tiros.
Durante entrevista em Brasília, o ministro do Supremo afirmou que, frente às declarações do ex-procurador-geral da República, até a atuação de Janot enquanto esteve na PGR precisa ser analisada. Gilmar fez ainda críticas ao modelo de indicação ao cargo, que chamou de “corporativo”, e disse que o sistema político terá de descobrir novos critérios para a escolha do posto. Para o ministro, “o modelo deu errado”.
Análise. Gilmar também afirmou que, por se tratar, em sua “impressão”, de um “problema grave de caráter psiquiátrico”, isso afetaria todas as medidas que Janot solicitou e foram deferidas na Suprema Corte. “Denúncias, investigações e tudo o mais. É isso que tem que ser analisado pelo País”, disse.
O ministro fez ainda comentários sobre o assunto nas redes sociais. “É difícil não imaginar os abusos cometidos ao acusar e processar investigados”, escreveu no Twitter. “Lamento que o ex-chefe da PGR tenha sido capaz de cogitações homicidas por divergências na interpretação da Constituição.”
Por meio de nota, Gilmar, que é um dos principais críticos no STF aos métodos da Operação Lava Jato, afirmou que o combate à corrupção no Brasil, “justo, necessário e urgente”, “tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder”. “Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal”, disse o ministro no comunicado.