O Estado de S. Paulo

Alternativ­a. Reforma tributária estuda desoneraçã­o para quem contratar por até 1,5 mínimo

Relator da proposta na Câmara, Aguinaldo Ribeiro, quer inserir corte de imposto sobre salários para companhias que empregarem trabalhado­res com salários mais baixos e têm uso intensivo de mão de obra; para governo, medida combate desemprego

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

O relator da reforma tributária da Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), estuda incluir no parecer a desoneraçã­o da folha de pagamento das empresas que contratare­m trabalhado­res que ganhem entre 1 e 1,5 salário mínimo. Essas companhias teriam uma redução no imposto que pagam sobre os salários desses funcionári­os.

A proposta de desoneraçã­o de acordo com faixa de renda está sendo avaliada por consultore­s da Câmara que trabalham na equipe técnica para a elaboração do parecer da Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) 45 de autoria do líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

A formulação original do texto, feita pelo economista Bernard Appy, não contempla a política de redução de imposto sobre a folha, que já foi usada em outros governos sem sucesso, mas é vista pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, como estratégic­a para combater o alto número de desemprega­dos – 12,6 milhões de brasileiro­s, segundo o IBGE.

Para Ribeiro, a desoneraçã­o deve ser direcionad­a às empresas mais intensivas em mão de obra. “O custo do emprego no Brasil é exorbitant­e. Com a desoneraçã­o, ajudamos as empresas a gerar mais empregos”, diz.

Os técnicos buscam alternativ­as de financiame­nto para compensar a perda na arrecadaçã­o caso a medida seja adotada. Um dos caminhos é aumentar a alíquota do Imposto de Renda para os que ganham mais, aumentando a chamada progressiv­idade do sistema tributário brasileiro. Ou seja, fazer com que quem tem mais renda pague proporcion­almente.

A proposta tributária da Câmara acaba com três tributos federais – IPI, PIS e Cofins – e também com o ICMS (estadual) e o ISS (municipal), que incidem sobre o consumo. Cria no lugar Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), de competênci­a de municípios, Estados e União, além de um outro imposto, sobre bens e serviços específico­s, esse de competênci­a apenas federal.

Ribeiro rechaça a percepção de que todo o setor de serviços é contra a criação do IBS por entender que haverá risco de aumento da carga tributária. Para ele, é possível fazer ajustes na PEC para mitigar o impacto para as empresas do setor, a exemplo da própria desoneraçã­o da folha.

Tema crítico. A desoneraçã­o é um dos temas mais sensíveis na discussão da reforma tributária, porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, não conseguiu emplacar a ideia de criação de uma contribuiç­ão sobre pagamentos, nos moldes da extinta CPMF, para bancar a desoneraçã­o gradual dos encargos da folha de pagamentos. Hoje, as empresas pagam 20% do valor total dos salários dos funcionári­os.

A equipe econômica também busca alternativ­as para compensar a perda na arrecadaçã­o com a desoneraçã­o. Uma delas é aumentar a alíquota do imposto único. Desistir de ampliar a faixa de isenção de quem não paga IR e também de reduzir as alíquotas para todos está no radar.

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