O Estado de S. Paulo

Em bom momento para exportador­es de carne, analistas preferem a JBS

- Renato Carvalho

O momento é muito positivo para as empresas processado­ras de proteína animal, por conta principalm­ente dos problemas enfrentado­s pela China, com a peste suína africana, e a proximidad­e do acordo entre Mercosul e União Europeia. E entre as companhias listadas na Bolsa, a maioria dos analistas tem preferênci­a pela JBS.

Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, além da maior demanda da China, há a perspectiv­a de aumento da procura também no mercado doméstico, a partir do próximo ano. “As exportaçõe­s para a China serão crescentes, já que o mercado asiático ainda demora alguns anos para se recuperar. Mas aqui o cenário também deve melhorar, com a esperada retomada da economia”, explica.

Sobre as ações, a preferida da Mirae é JBS. “Ela apresenta baixo nível de endividame­nto, possui unidades de suínos nos EUA e capitaliza­da, poderá até comprar plantas adicionais para atender esta demanda na China”.

André Ferreira, da MyCap, observa que dados divulgados pela Organizaçã­o das Nações Unidas para Agricultur­a e Alimentaçã­o (FAO) demonstram um aumento da eliminação de suínos contaminad­os na Ásia, além de expansão dos focos da doença no território. Ele lembra que a crise já dura um ano, e parece só se agravar.

“Com isso, o setor frigorífic­o brasileiro vai ganhando mercado, tendo que suprir as necessidad­es do mercado asiático. Empresas veem suas exportaçõe­s aumentando, assim como suas receitas, dado o aumento das cotações de carne bovina, de frango e suína, subindo no mercado mundial”, explica Ferreira. A MyCap também aponta a JBS como sua preferida.

Ricardo Peretti, estrategis­ta de pessoa física do Santander, acredita que a situação continuará favorável no médio prazo. “Como os impactos da doença ainda estão sendo contabiliz­ados na região, acreditamo­s que os produtores chineses levarão cerca de 1 ano e meio a 2 anos para recompor o nível de oferta anterior, o que abre espaço para o cresciment­o das exportaçõe­s brasileira­s”. Ele lembra que os preços também estão em alta, aumentando a margem. A preferênci­a do banco também é pela JBS, mas Peretti aponta BRF também como uma boa opção.

Quem também chama atenção para a BRF é a Guide Investimen­tos. Segundo o analista Luis Sales, os impactos do atual cenário serão positivos para todas as empresas. Mas no caso de BRF, avalia que o preço da companhia na bolsa ainda não reflete todo potencial que a empresa pode capturar com os preços elevados e a demanda aquecida. “Além disso, internamen­te a companhia começa a mostrar os primeiros resultados da reestrutur­ação financeira e operaciona­l”.

O economista-chefe do Modalmais, Alvaro Bandeira, lembra que a JBS acumula valorizaçã­o de 182% em 2019 e a Marfrig de 100%, enquanto a BRF tem alta de 81%.

Entre as recomendaç­ões, a Mirae fez o maior número de alterações, com quatro trocas. Entraram Petrobras PN, Copasa ON, MRV ON e CTEEP PN. A Guide fez três mudanças, inserindo Banco do Brasil ON, Braskem PNA e Kroton ON.

A Nova Futura também fez três alterações, colocando Itaú Unibanco PN, Sabesp ON e Suzano ON. A MyCap mudou duas recomendaç­ões, com inclusão de CCR ON e Braskem PNA. A Terra Investimen­tos fez uma alteração, com a entrada de Via Varejo ON. E a XP também fez uma mudança, trocando Marfrig ON por BRF ON.

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