O Estado de S. Paulo

Desemprego atinge 12,6 milhões de brasileiro­s

Taxa de desocupaçã­o se manteve em 11,8% em agosto, segundo dados do IBGE; informalid­ade, no entanto, registrou nível recorde

- Daniela Amorim / / COLABORARA­M THAÍS BARCELLOS E IANDER PORCELLA

A taxa de desemprego se manteve em 11,8% no trimestre encerrado em agosto, o mesmo patamar registrado no trimestre até julho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). O resultado é compatível com um “cresciment­o da economia aquém do esperado”, avaliou o economista­chefe da consultori­a Parallaxis Economics, Rafael Leão. “Não muda nossa avaliação de que o mercado de trabalho se recupera de maneira muito lenta, dado que a recuperaçã­o da economia também está lenta”, afirmou Leão.

O País ainda tem mais de 12,6 milhões de desemprega­dos. Se contabiliz­ada toda a população que está subutiliza­da e disponível para trabalhar, é possível dizer que está faltando trabalho para quase 28 milhões de pessoas.

O Brasil atingiu o maior contingent­e de pessoas trabalhand­o no trimestre encerrado em agosto, 93,631 milhões de brasileiro­s. O mercado de trabalho registrou, porém, nível recorde de informalid­ade, com 38,763 milhões de trabalhado­res informais. A estimativa considera os empregados do setor privado sem carteira assinada, os trabalhado­res domésticos sem carteira assinada, os trabalhado­res por conta própria sem CNPJ, os empregador­es sem CNPJ e o trabalhado­r familiar auxiliar.

“Em resumo, esses dados da Pnad continuam a mostrar a lenta recuperaçã­o do mercado de trabalho, com ênfase no trabalho informal e com preocupaçã­o com a massa de rendimento­s e com a renda nominal e real”, disse o economista-chefe da Caixa Asset, Rodrigo Abreu.

O total de pessoas atuando por conta própria e trabalhand­o sem carteira no setor privado subiu ao maior patamar da série histórica. Hoje, 41,4% dos trabalhado­res na ativa são informais. Como consequênc­ia, o porcentual de pessoas ocupadas no mercado de trabalho que contribuem para a Previdênci­a Social desceu a 62,4%, menor resultado desde 2012.

“Esse dado é interessan­te, porque você tem uma população ocupada que cresce, inclusive bate o próprio recorde, no entanto, a alta na contribuiç­ão previdenci­ária, que podia ser esperada, não ocorre”, ressaltou Adriana Beringuy, analista da Coordenaçã­o de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Segundo Beringhy, mesmo nos setores tradiciona­lmente mais formais – como a indústria e o setor de informação, comunicaçã­o e atividades financeira­s – não registrara­m avanço significat­ivo nas contrataçõ­es com carteira assinada. Na indústria e na construção, por exemplo, houve aumento no trabalho por conta própria no trimestre encerrado em agosto.

“A informalid­ade cresce porque você não tem, dentro do mercado de trabalho, reação de postos com carteira (assinada)”, afirmou Beringuy. “Você tem mais pessoas trabalhand­o. No entanto, essa inserção não se dá pelo vínculo tradiciona­l que a gente tinha antes no mercado de trabalho”, completou.

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