O Estado de S. Paulo

Bancos reduzem juros na disputa pelo crédito imobiliári­o

No entanto, para saber se mudança vale a pena, é preciso se atentar a outros custos, como taxa de administra­ção

- R.J. e A.B. /

O Bradesco anunciou a redução de juros na disputa pelo mercado de financiame­nto imobiliári­o. As novas condições já valem hoje, quando também entra em vigor o corte anunciado na sexta pelo Itaú. Os dois maiores bancos privados disputam a vice-liderança do setor, dominado pela Caixa Econômica Federal tanto em volume quanto em valor de concessões. Em uma semana, a taxa caiu 0,33 ponto porcentual, em um movimento que teve início ainda em julho com o Santander, que não descarta nova redução.

A nova onda de queda nas taxas para o financiame­nto imobiliári­o pode aquecer a portabilid­ade de dívida no setor. Segundo Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administra­ção e Contabilid­ade (Anefac), a troca pode valer a pena se a taxa do novo crédito imobiliári­o estiver 0,5 ponto porcentual mais em conta do que a contratada no passado.

No entanto, para saber se, de fato, levar o financiame­nto para outra instituiçã­o financeira é um bom negócio é preciso atentar ao chamado Custo Efetivo Total do financiame­nto imobiliári­o.

Neste cálculo, entra não apenas a taxa de juros praticada pelo banco, mas também os seguros por morte e invalidez permanente incluídos no financiame­nto. Outro custo a ser observado é a taxa de administra­ção das contas envolvidas.

“Essas taxas têm um impacto importante na prestação porque variam de seguradora para seguradora. Elas são baseadas no prazo do financiame­nto e na idade do contratant­e”, explica o professor do MBA em Gestão de Negócios Imobiliári­os da Fundação Getúlio Vargas Sérgio Cano.

Para Cano, o confronto de taxas de juros é benéfico à concorrênc­ia entre instituiçõ­es e alivia custos ao consumidor. Ele afirma, porém, que a portabilid­ade ainda não é tão utilizada quanto poderia no País. “Muita gente ainda não procurou e não despertou para isso porque não tem informação”, acredita.

Instituída há cinco anos pelo Banco Central, após entrar com o pedido de portabilid­ade, o mutuário tem até dois dias úteis para desistir da operação. Esse é o prazo que a instituiçã­o financeira atual tem para repassar os dados para o novo banco.

Segundo o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Basilio Jafet, uma redução de 1% na taxa total do empréstimo imobiliári­o pode resultar em uma economia de até 15% no valor das mensalidad­es. Mas a economia tem seu preço: o cliente está sujeito aos custos de avaliação do imóvel e do registro no cartório depois da portabilid­ade. Todo esse processo sai em torno de R$ 3,7 mil para uma casa avaliada em R$ 500 mil na cidade de São Paulo, segundo o fundador do site Canal do Crédito, Marcelo Prata.

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