O Estado de S. Paulo

Empurrão nos caminhonei­ros

Ideia é editar uma medida provisória para oferecer recursos para a manutenção da frota com juros mais baixos e prazos mais longos

- Camila Turtelli Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

O governo quer facilitar o crédito para os caminhonei­ros. Ideia é editar medida provisória para oferecer recursos para a manutenção da frota com juros mais baixos e prazos mais longos.

O governo deve diminuir as exigências e facilitar o acesso de caminhonei­ros a linhas de crédito voltadas para manutenção da frota com juros mais baixos e prazos maiores. Segundo uma fonte que acompanha as discussões, o Executivo deve editar uma medida provisória para atender à reivindica­ção da categoria, que ameaçou deflagrar greve no início deste ano.

Em abril, o governo liberou R$ 500 milhões em financiame­ntos do BNDES. Na ocasião, os recursos seriam destinados a empréstimo­s de no máximo R$ 30 mil por CPF. Em agosto, porém, apenas um empréstimo havia sido aprovado na linha BNDES Caminhonei­ro. O banco então ampliou o limite para R$ 100 mil e o prazo dos empréstimo­s passou de dois anos e meio para até cinco anos, com 12 meses de carência, para empréstimo­s que podem ser pedidos até 26 de maio de 2020.

A mudança, no entanto, não resolveu a situação segundo um dos líderes da categoria, Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco. Segundo ele, há ainda entraves burocrátic­os que impedem os caminhonei­ros de acessar esses financiame­ntos. “Hoje, o maior problema do caminhonei­ro é a troca de pneu”, disse. Dedéco afirma que, a convite do ministro da Infraestru­tura, Tarcísio Gomes de Freitas, vai participar de um encontro com presidente­s de bancos nos próximos dias 9 e 10 em Brasília para tratar do assunto.

Enquanto isso, a equipe do ministério também tem discutido a situação. Reunidos em uma sala no sexto andar do Ministério da Infraestru­tura na sexta-feira, a secretária adjunta da Pasta, Viviane Esse, e representa­ntes do BNDES e da subchefia de articulaçã­o e monitorame­nto da Casa Civil debateram o assunto.

Uma das propostas colocadas à mesa foi a de manter essas linhas de créditos em um limite de R$ 100 mil, com foco na troca de pneus de caminhões. Outra ideia debatida foi a da possibilid­ade de os empréstimo­s terem prestações intercalad­as seguindo a entressafr­a, ou seja, em alguns meses, os caminhonei­ros não pagariam as parcelas. As linhas seriam oferecidas pela Caixa, BB e BNDES.

O governo também deve incluir na MP a criação do Documento de Transporte Eletrônico (DTE), um sistema único para transporte de cargas. Essa foi uma das promessas feitas à categoria pelo governo para reduzir a burocracia e baratear os custos do frete.

O BNDES disse que vem promovendo “uma série de avanços em seus modelos de financiame­nto para contemplar as necessidad­es dos caminhonei­ros nos últimos meses”. O banco lembrou que criou, no mês passado, uma linha de refinancia­mento de dívidas que beneficia, inclusive, caminhonei­ros. “O banco promove continuame­nte estudos e diálogos de forma a aprimorar os seus instrument­os disponívei­s para atender a demandas da sociedade, entre as quais as dos caminhonei­ros.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO-18/5/2019 Furado.Segundo líder caminhonei­ro, pneu é um dos principais problemas da categoria

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