O Estado de S. Paulo

Trump também pressionou o premiê australian­o

- WASHINGTON / NYT

O presidente dos EUA, Donald Trump, pressionou o premiê australian­o, Scott Morrison, por dados sobre a investigaç­ão contra sua campanha em 2016, revelou o New York Times. É a segunda ação semelhante de Trump.

Outro escândalo. Segundo ‘New York Times’, presidente telefonou para Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália, e pediu que ele investigas­se os fatos que deram origem ao inquérito do procurador especial Robert Mueller sobre a influencia russa na eleição de 2016

Donald Trump, ganhou ontem mais um escândalo no currículo. Segundo dois funcionári­os do governo, citados pelo New York Times,o presidente pressionou o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, para que ele descobriss­e detalhes da origem da investigaç­ão sobre sua campanha presidenci­al de 2016, que na época buscava informaçõe­s que prejudicas­sem a democrata Hillary Clinton.

Em linhas gerais, Trump quer investigar a investigaç­ão feita pelo procurador especial Robert Mueller, que durante mais de dois anos ouviu testemunha­s e analisou documentos sobre a relação entre a campanha presidenci­al republican­a e agentes russos. As tentativas da Rússia de interferir na eleição americana vieram à tona por acidente.

Em maio de 2016, George Papadopoul­os, então assessor de Trump, estava bebendo com o diplomata australian­o Alexander Downer em um bar de Londres. Para espanto de Downer, Papadopoul­os soltou uma revelação surpreende­nte: a Rússia teria milhares de e-mails de Hillary e informaçõe­s que prejudicar­iam a candidata democrata.

Imediatame­nte, Downer avisou o FBI que os russos haviam se aproximado da campanha de Trump e poderiam interferir no processo eleitoral. Autoridade­s americanas então abriram uma investigaç­ão sobre a influência da Rússia na eleição, que terminou em março em um relatório inconclusi­vo produzido por Mueller – o documento não emitiu opinião sobre conluio entre a campanha e os russos.

Desde o início do ano, sob as ordens de Trump, o Departamen­to de Justiça, comandado pelo secretário William Barr, começou a esquadrinh­ar a origem do caso, para determinar se as agências do governo – na época sob a presidênci­a de Barack Obama – haviam cometido algum erro no processo.

Assessores do presidente, no entanto, dizem que a obsessão de Trump é encontrar razões para legitimar sua vitória em 2016. Um dos assuntos que mais tiram o presidente do sério é quando insinuam que ele só derrotou Hillary graças aos russos.

Segundo o New York Times,o telefonema para Morrison foi feito “há algumas semanas” – sem especifica­r uma data –, mas seguiria o mesmo padrão da ligação de Trump para o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em julho. Na conversa, Zelenski é pressionad­o para investigar o ex-presidente Joe Biden, democrata que lidera a corrida presidenci­al de 2020. Outra semelhança entre os dois telefonema­s é que a Casa Branca também restringiu o acesso à transcriçã­o da chamada ao australian­o.

Ontem, o processo de impeachmen­t avançou ainda mais. O Comitê de Inteligênc­ia da Câmara emitiu uma intimação a Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump, em busca de documentos. Os deputados democratas usaram como base as declaraçõe­s de Giuliani em entrevista­s na TV reconhecen­do que pediu ao governo da Ucrânia que “investigas­se” Biden.

De acordo com estimativa da revista Time, o impeachmen­t já tem apoio suficiente para avançar na Câmara dos Deputados e ser enviado para o Senado – 224 dos 435 deputados já dizem apoiar abertament­e a destituiçã­o de Trump, que ainda mantém a lealdade da maioria dos 53 senadores do partido.

Duas pesquisas divulgadas nos últimos dias mostraram que o apoio ao impeachmen­t também cresceu entre a população. Segundo o instituto YouGov, 55% dos americanos apoiam o processo – 45% são contra. De acordo com a CNN, 47% agora apoiam o impeachmen­t – cresciment­o de 20 pontos porcentuai­s com relação a maio.

 ?? JIM LO SCALZO/EFE ?? Sob ameaça. Donald Trump durante cerimônia militar em Arlington: ainda obcecado com o resultado das eleições presidenci­ais americanas de 2016
JIM LO SCALZO/EFE Sob ameaça. Donald Trump durante cerimônia militar em Arlington: ainda obcecado com o resultado das eleições presidenci­ais americanas de 2016

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