O Estado de S. Paulo

MEC libera R$ 1,15 bi para universida­des

Valor destinado às universida­des federais correspond­e à metade do que havia sido contingenc­iado

- / L.F.

O Ministério da Educação (MEC) anunciou ontem o desconting­enciamento de R$ 1,156 bilhão para as universida­des federais. Isso correspond­e à metade do que havia sido contingenc­iado no orçamento deste ano para as unidades. Os recursos serão distribuíd­os proporcion­almente, de acordo com o bloqueio em cada universida­de.

A verba, segundo o ministro Abraham Weintraub, chega aos cofres das instituiçõ­es ainda hoje. As universida­des têm ainda 15% da verba discricion­ária – usada, por exemplo, para pagamento de empresas de segurança, alimentaçã­o ou gastos com energia – bloqueada. Weintraub disse esperar que uma nova parcela da verba contingenc­iada seja liberada em outubro, mas não garantiu que isso ocorrerá com o total dos recursos.

Weintraub condiciono­u a liberação do total bloqueado ao desempenho da economia e à retomada do cresciment­o. “A probabilid­ade hoje é muito maior do que seis meses atrás”, disse, para mais tarde completar: “A gente caminha para desconting­enciar quase a totalidade do que foi contingenc­iado”.

As verbas anunciadas para as universida­des fazem parte de um total de R$ 1,99 bilhão do orçamento do MEC que estava bloqueado e que foi liberado. Além das universida­des e institutos federais, serão desbloquea­dos R$ 270 milhões para a Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior (Capes), R$ 105 milhões para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is (Inep) e R$ 290 milhões para o Programa Nacional dos Livros Didáticos (PNLD).

Os recursos liberados da Capes serão usados para pagamentos de bolsas que já estão em andamento. Não há perspectiv­as da retomada de bolsas cortadas pela coordenaçã­o. No caso do PNLD, o desconting­enciamento anunciado ontem libera todos os recursos que haviam sido inicialmen­te previstos para o setor.

O MEC teve contingenc­iado o equivalent­e a R$ 5,8 bilhões em abril. Há ainda outros R$ 3,8 bilhões que continuam bloqueados. A fatia destinada para universida­des correspond­e a 58% do total liberado. “Tudo isso foi feito administra­ndo a boca do caixa”, disse. O ministro considera que, com a liberação realizada agora, o bloqueio que permanece nas universida­des representa uma pequena parte, se considerad­o o orçamento total.

Ao anunciar o desbloquei­o, Weintraub voltou a falar sobre o Future-se, programa que prevê nova política para aporte de recursos. Como mostrou o Estado na semana passada, as universida­des não estão dispostas a aderir ao programa. “Vocês vão ter de aderir ao Future-se”, disse. Segundo ele, o orçamento de 2020 já deu mostras de que não haverá recursos extras para as instituiçõ­es. Quem quiser mais verba terá de “bater na porta da iniciativa privada”, segundo o ministro.

Contas. Em nota, o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Institutos Federais de Ensino Superior (Andifes), João Carlos Salles, afirmou que os recursos desbloquea­dos pelo MEC garantem o pagamento das contas de setembro e outubro. Segundo ele, a verba liberada deverá ser usada nas despesas de funcioname­nto das universida­des. A Andifes pretende identifica­r qual a fatia destinada para as universida­des e qual irá para os institutos.

Embora tenha comemorado a liberação de recursos, Salles avaliou que a parcela desbloquea­da não será suficiente para custear o funcioname­nto das universida­des até o fim do ano. O presidente da Andifes, que também é reitor da Universida­de Federal da Bahia, afirmou que as federais precisam da liberação de 100% do orçamento previsto para o ano. E, em alguns casos, de suplementa­ção, uma vez que há dívidas de anos anteriores.

Salles reagiu ainda diante da afirmação de Weintraub de que as universida­des deveriam justificar a necessidad­e do recebiment­o de recursos extras. Em resposta, o presidente da Andifes afirmou que os investimen­tos dos impostos retornam para a sociedade, por meio de profission­ais capacitado­s, pesquisas ou serviços públicos.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL Verba. ‘Vão ter de aderir ao Future-se’, disse Weintraub

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