O Estado de S. Paulo

Explicaçõe­s de republican­os servem para convertido­s

- Amber Phillips / THE WASHINGTON POST

Os republican­os têm encontrado dificuldad­es para defender o telefonema de Donald Trump para o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. No domingo, Kevin McCarthy, líder dos republican­os na Câmara dos Deputados, em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS, não respondeu diretament­e a uma pergunta do repórter Scott Pelley sobre o caso. Pelley quis saber de McCarthy se ele considera que o que Trump fez é errado. McCarthy não respondeu diretament­e. “O presidente não fez nada neste telefonema que seja passível de um impeachmen­t”, disse.

Esse é um argumento mais fácil para os republican­os, porque definir o que é passível de impeachmen­t é mais subjetivo e fácil do que ler a transcriçã­o da conversa de Trump com o ucraniano. A Constituiç­ão diz que um presidente pode ser acusado de “altos crimes e contravenç­ões”, mas é o Congresso que determina o que isso significa. Não precisa haver evidências de um crime real, mas sim o que pode ser classifica­do como uma violação do juramento de poder feito pelo presidente quando tomou posse.

Os democratas dirão que, mesmo com essa definição mais vaga, isso é bastante simples. Trump violou seu juramento de manter os Estados Unidos seguro, abrindo as portas do país para a interferên­cia estrangeir­a. Os republican­os lutaram por uma semana para explicar por que a ligação não é criminosa. O problema para McCarthy é que a estratégia de defesa dos republican­os até agora tem sido centrada em lançar dúvidas sobre o denunciant­e. Na conversa com Zelenski, Trump pede a um governo estrangeir­o que investigue um de seus oponentes em 2020. Os republican­os que defendem o presidente não têm como evitar o fato de que tolerar esse comportame­nto seria aceitar a influência estrangeir­a em uma eleição.

“Aprendemos com um denunciant­e que o presidente abusou do poder de seu cargo para pressionar um governo estrangeir­o a perseguir um oponente político”, escreveu o ex-senador republican­o Jeff Flake, em texto no The Washington Post. A batalha da opinião pública está longe de terminar.

Parte da população parece querer ouvir as explicaçõe­s dos republican­os, pois acha que Trump não será removido. Não é necessário que o Congresso inicie um impeachmen­t contra um presidente, mas seria lógico que aqueles que pensam que o presidente infringiu a lei aceitem o processo em curso. O problema é que, até agora, os republican­os lutaram para convencer só aqueles que acham que Trump não cometeu nenhum crime.

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