O Estado de S. Paulo

EM ASCENSÃO MILITAR, CHINA FAZ 70 ANOS

País que em 1949 tinha lanchas de madeira hoje fabrica porta-aviões mais rápido que os EUA

- Roberto Godoy

Em outubro de 1949, a força naval da China de Mao Tsé-tung tinha dois navios – na verdade, duas lanchas de madeira e, talvez, uma meia dúzia de pequenos e velhos transporta­dores a vapor para navegar nos rios. Em 2019, o país que há 70 anos saía pobre e sem recursos de um sangrento conflito civil, pode exibir um imenso, bem equipado, bem treinado e moderno conjunto de Forças Armadas.

A inexistent­e Marinha do momento da criação da República Popular mantém no mar 1 porta-aviões – o Liaoning, de 55 mil toneladas –, ao menos 7 submarinos lançadores de mísseis atômicos de longo alcance, 12 submarinos (de propulsão nuclear) de ataque e 55 outros com motores diesel-elétricos. O inventário vai longe: 36 destróiere­s, 52 fragatas, 41 corvetas, 109 embarcaçõe­s preparadas para disparar mísseis antinavio ou antiaéreos.

O orçamento da Defesa é estimado em US$ 250 bilhões e vem crescendo ano após ano de forma consistent­e desde 1995. O efetivo passa de 2,3 milhões de combatente­s. Há um plano para reduzir a tropa total em 300 mil homens e mulheres ao longo de 36 meses.

Há três porta-aviões chineses em várias fases de construção nos estaleiros locais. Um deles, o Type 003, será um gigante de 85 mil toneladas. O plano prevê frota de 350 navios novos até cerca de 2030.

No desfile desta manhã, em Pequim, terá sido visto o foguete balístico interconti­nental DF-41 que leva na ogiva 10 bombas para serem lançadas contra diferentes alvos depois de um voo de apenas 30 minutos entre a China e os EUA. É também a estreia de uma família de drones, um dos quais, o Espada Afiada, é dotado de recursos que permitem atingir objetivos na Ásia, Oriente Médio, África, partes da Europa e da América do Norte. O drone, cheio de sistemas para escapar dos radares e sensores de detecção, fica no ar por 50 horas.

Um porta-aviões nuclear americano demora oito anos para ser comissiona­do pela Marinha dos EUA. Na China, esse tempo cai pela metade, fica em torno dos quatro anos, segundo um estudo do Centro de Estudos Estratégic­os de Washington.

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THOMAS PETER/REUTERS Preparativ­os. Soldados e operários antes de desfile

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