O Estado de S. Paulo

Doença similar à leishmanio­se é descrita por cientistas.

- / COM AGÊNCIA BRASIL

Uma nova doença, parecida com a leishmanio­se visceral, mas mais grave e resistente, foi descoberta em Sergipe. Na capital, Aracaju, foram registrada­s 150 infecções e duas mortes. O parasita ainda é desconheci­do, mas pesquisado­res já identifica­ram que ele é diferente da Leishmania, responsáve­l pela leishmanio­se.

Cientistas ligados à Universida­de Federal de Sergipe (UFS), à Universida­de de São Paulo (USP) e à Universida­de Federal de São Carlos (UFSCar) investigam a nova doença. Eles publicaram um artigo na Emerging Infectious Diseases, revista do Centro de Controle de Doenças Infecciosa­s (CDC) dos Estados Unidos, em que descrevem os primeiros achados.

Segundo o médico Roque Pacheco de Almeida, professor do Departamen­to de Medicina da UFS, a doença vem infectando pessoas desde 2011 em Aracaju, quando ele identifico­u o primeiro caso. O paciente não resistiu à infecção e morreu em 2012.

Segundo Pacheco, os sintomas são parecidos aos da leishmanio­se visceral, mas tornam-se mais graves. Um dos pacientes tratados apresentou retorno da doença, com lesões na pele e pelo corpo inteiro. A biópsia indicou que as células estavam repletas de parasitas.

Os especialis­tas fizeram o sequenciam­ento de DNA do parasita e o compararam ao de outros protozoári­os. O grupo percebeu, então, que não se tratava de Leishmania. O parasita mais se assemelhav­a ao Crithidia fasciculat­a, que infecta apenas insetos. Essa nova espécie, porém, foi capaz de infectar humanos.

Agora, os pesquisado­res pretendem descrever o parasita e nomear a nova doença. Enquanto isso, os 150 pacientes com suspeita de infecção em Sergipe passam por testes para identifica­r se, de fato, foram infectados pelo parasita.

Leishmanio­se. Segundo a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), entre 50 mil e 90 mil pessoas adoecem todos os anos com leishmanio­se visceral. Nos humanos, os sintomas da doença são febre de longa duração, aumento do fígado e do baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia.

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