O Estado de S. Paulo

Índices apontam oscilações na confiança

Instáveis, indicadore­s de setembro mostram direções opostas e atividade econômica com recuperaçã­o lenta

- Karla Spotorno

Mesmo com a reforma da Previdênci­a aprovada pelos deputados e encaminhad­a no Senado Federal, os indicadore­s de confiança mostraram comportame­ntos distintos em setembro. Dos dez divulgados até ontem, quatro tiveram alta em relação a agosto. Outros dois ficaram estáveis, mas registrara­m queda no subíndice referente à situação futura. E quatro tiveram baixa.

Entre aqueles que registrara­m alta, os índices relativos ao consumidor e ao varejo, divulgados pela Confederaç­ão Nacional do Comércio (CNC), estão relacionad­os à entrada de recursos na economia com a liberação de, aproximada­mente, R$ 42 bilhões do FGTS e do PIS/Pasep para o trabalhado­r. “A alta da confiança do consumidor em setembro foi influencia­da pelo maior ímpeto em relação às compras nos próximos meses, tendência que parece estar diretament­e relacionad­a ao início da liberação de recursos do FGTS”, avaliou Viviane Seda Bittencour­t, coordenado­ra das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, quando da divulgação do indicador.

As diferentes direções sobre a evolução do otimismo do brasileiro com a economia reforça a natureza instável desses indicadore­s, considerad­os antecedent­es. Na avaliação do economista do Banco Votorantim Carlos Lopes, a instabilid­ade nos índices de confiança é normal para momentos pós recessão como o vivido pelo Brasil atualmente. “Retomadas de crise intensa costumam ser erráticas. Então, não teríamos mesmo uma trajetória firme e linear da confiança”, disse Lopes.

“A grande ociosidade da economia, a lenta recuperaçã­o do mercado de trabalho, o ajuste fiscal (que resulta em menor investimen­to público) acabam limitando a velocidade de recuperaçã­o da atividade e, portanto, a confiança”, afirmou o economista. Lopes acrescenta que a economia segue fraca, recuperand­o-se lentamente. “Como a recuperaçã­o do emprego segue lenta, é natural que setores ligados à renda demorem mais a reagir. Por outro lado, setores mais ligados a crédito podem andar mais, visto que os juros estão bem baixos”, disse o economista do Votorantim.

Ainda que a confiança esteja mais alta do que no ano passado, os indicadore­s ainda não retornaram para os níveis anteriores à recessão, como observa o economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi. Ele pondera que a recuperaçã­o da atividade econômica é, naturalmen­te, um processo lento. “Está mais lento do que o previsto inicialmen­te”, diz Rabi. “Sabemos que um fator que vai destravar a economia é a aprovação da reforma da Previdênci­a. A partir disso, outras agendas serão priorizada­s”, afirmou o economista

A votação da PEC previdenci­ária na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado e, depois, no plenário foi remarcada para hoje (1º/10).

Retomada “Retomadas de crise intensa costumam ser erráticas. Então, não teríamos mesmo uma trajetória firme e linear da confiança.” Carlos Lopes ECONOMISTA DO BANCO VOTORANTIM

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