Dívida sobe e encosta em 80% do PIB
Em meio ao forte déficit na Previdência, a dívida bruta brasileira bateu novo recorde em agosto. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que ela atingiu R$ 5,62 trilhões no mês passado, o equivalente a 79,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maior porcentual da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2006.
A Dívida Bruta do Governo Geral – que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o Banco Central e as empresas estatais – é uma das principais referências para avaliação, por parte das agências de classificação de risco, da capacidade de solvência de um país. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote.
No melhor momento da série histórica, em dezembro de 2013, a dívida bruta brasileira chegou a 51,5% do PIB. Desde então, os constantes déficits nas contas dos governos têm elevado o endividamento.
Apenas em agosto, o déficit primário do setor público brasileiro foi de R$ 13,45 bilhões. A cifra reflete a diferença entre receitas e despesas, antes mesmo do pagamento dos juros. No mês passado, o governo federal até conseguiu registrar um superávit, de R$ 4,20 bilhões, mas o esforço se perdeu em função do rombo de R$ 20,63 bilhões nas contas da Previdência.
No acumulado do ano até agosto, o déficit primário do setor público soma R$ 21,95 bilhões, sendo que o rombo do INSS no período é de R$ 131,74 bilhões. Com o resultado no vermelho, resta ao Tesouro emitir títulos para fechar as contas, o que ajudou a elevar a dívida a quase 80% do PIB.
“Já estamos com déficits primários desde 2014 e este será o sexto ano, sendo que, para estabilizar ou reduzir a dívida bruta, seria preciso alcançar superávits primários”, pontuou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha. Ele lembrou que o responsável pela política fiscal é o Ministério da Economia e, por isso, evitou comentar sobre qual patamar de resultado primário seria necessário para a estabilização da dívida bruta.