O Estado de S. Paulo

Dívida sobe e encosta em 80% do PIB

- Fabrício de Castro Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

Em meio ao forte déficit na Previdênci­a, a dívida bruta brasileira bateu novo recorde em agosto. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que ela atingiu R$ 5,62 trilhões no mês passado, o equivalent­e a 79,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maior porcentual da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2006.

A Dívida Bruta do Governo Geral – que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o Banco Central e as empresas estatais – é uma das principais referência­s para avaliação, por parte das agências de classifica­ção de risco, da capacidade de solvência de um país. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote.

No melhor momento da série histórica, em dezembro de 2013, a dívida bruta brasileira chegou a 51,5% do PIB. Desde então, os constantes déficits nas contas dos governos têm elevado o endividame­nto.

Apenas em agosto, o déficit primário do setor público brasileiro foi de R$ 13,45 bilhões. A cifra reflete a diferença entre receitas e despesas, antes mesmo do pagamento dos juros. No mês passado, o governo federal até conseguiu registrar um superávit, de R$ 4,20 bilhões, mas o esforço se perdeu em função do rombo de R$ 20,63 bilhões nas contas da Previdênci­a.

No acumulado do ano até agosto, o déficit primário do setor público soma R$ 21,95 bilhões, sendo que o rombo do INSS no período é de R$ 131,74 bilhões. Com o resultado no vermelho, resta ao Tesouro emitir títulos para fechar as contas, o que ajudou a elevar a dívida a quase 80% do PIB.

“Já estamos com déficits primários desde 2014 e este será o sexto ano, sendo que, para estabiliza­r ou reduzir a dívida bruta, seria preciso alcançar superávits primários”, pontuou o chefe do Departamen­to de Estatístic­as do BC, Fernando Rocha. Ele lembrou que o responsáve­l pela política fiscal é o Ministério da Economia e, por isso, evitou comentar sobre qual patamar de resultado primário seria necessário para a estabiliza­ção da dívida bruta.

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