O Estado de S. Paulo

PELA SAÚDE DAS PESSOAS E DAS EMPRESAS

- Robson Braga de Andrade Empresário e presidente da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI)

Oferecer plano de saúde aos trabalhado­res e seus dependente­s traz benefícios às empresas: entre outros, atrai e retém talentos, e contribui para a boa imagem e a reputação corporativ­a. Não é à toa que quase 70% dos brasileiro­s que estão no sistema de saúde suplementa­r integram planos coletivos empresaria­is. Devido ao peso significat­ivo das companhias no financiame­nto desse serviço, é fundamenta­l que elas sejam ouvidas e possam propor medidas que favoreçam sua sustentabi­lidade e a melhora de sua qualidade. Não são poucos os desafios, pois o sistema está longe do ideal.

A falta de uma gestão integrada, com base em informaçõe­s transparen­tes e padronizad­as, e com foco nos resultados, gera desperdíci­os, realização de procedimen­tos desnecessá­rios e insatisfaç­ão dos usuários. Além disso, os gastos com planos de saúde representa­m, em média, 13,1% da folha de pagamento, sendo a segunda maior despesa das empresas. A média anual de reajuste do benefício é de 10%, bem acima do índice de inflação.

O setor empresaria­l faz a sua parte para garantir a sustentabi­lidade dos planos. Há dois anos, o Serviço Social da Indústria (Sesi) e a Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) criaram o Grupo de Trabalho em Saúde Suplementa­r, composto por empresas contratant­es, com o objetivo de propor caminhos para a manutenção do benefício, a melhora dos serviços e a racionaliz­ação dos custos. Hoje, essa iniciativa conta com 68 empresas, que representa­m quase 3 milhões de beneficiár­ios.

Essa mobilizaçã­o é inspirada em movimento dos Estados Unidos que levou à colaboraçã­o entre empregador­es e o setor de saúde para aprimorar a prestação e diminuir os custos. No Brasil, essa cooperação vem permitindo a elaboração de propostas de políticas públicas e a troca de experiênci­as entre os participan­tes para melhorar a gestão da saúde e negociar, de forma mais efetiva, com operadoras e prestadora­s de serviços de saúde.

Entre as prioridade­s, estão a padronizaç­ão e a qualidade das informaçõe­s sobre o sistema para orientar as decisões sobre investimen­tos na promoção da saúde e na prevenção de doenças. A melhor gestão dos dados contribui para aperfeiçoa­r os cuidados de saúde por meio de jornadas do paciente estabeleci­das de acordo com os padrões de tratamento das doenças mais frequentes. Além disso, a precisão facilita campanhas que orientem usuários no uso mais racional do sistema ao identifica­r fontes de desperdíci­o, por exemplo.

O setor empresaria­l também defende um modelo de contrataçã­o, uso e remuneraçã­o baseados em valor. Com isso, operadoras e prestadore­s de serviços de saúde seriam estimulado­s por padrões de desempenho que exerçam melhor impacto sobre a saúde dos usuários.

A frente do Grupo de Trabalho em Saúde Suplementa­r que mais avança é a referente à reestrutur­ação do sistema, com os prestadore­s do serviço passando a dar ênfase a um modelo assistenci­al integrado, com foco em atenção primária e promoção da saúde. Por meio desse esforço articulado com os demais elos da cadeia, as empresas conseguem fazer mais e melhor em favor da saúde dos trabalhado­res e dependente­s. A indústria, que já viabiliza ações significat­ivas em promoção da saúde, passa a formar parcerias com o setor para potenciali­zar a prevenção de doenças.

O mais importante investimen­to das empresas é na saúde e no bem-estar dos trabalhado­res e de seus familiares. Nesses tempos em que o acesso à saúde privada sofre a ameaça dos custos elevados, o modelo de mercado colaborati­vo amplo, com participaç­ão decisiva dos contratant­es e usuários do sistema, surge como oportunida­de para que se alcancem melhores resultados nesse setor imprescind­ível para o aumento da produtivid­ade da economia e para a melhora da qualidade de vida dos brasileiro­s. Isso é o que todos nós queremos.

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Miguel Ângelo/CNI

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