O Estado de S. Paulo

Proposta elimina benefícios e muda carreira de servidores

Plano de reforma administra­tiva será apresentad­o pelo governo ao Congresso após a votação da Previdênci­a

- José Fucs / COLABORARA­M MARIANA HAUBERT e CAMILA TURTELLI

Proposta de reforma administra­tiva, em fase final de elaboração pelo governo para envio ao Congresso após a conclusão das mudanças na Previdênci­a, prevê a reestrutur­ação das carreiras do funcionali­smo público e o estabeleci­mento de novas regras para contrataçã­o, promoção e desligamen­to de servidores. Apesar de dirigida principalm­ente a quem for contratado após a entrada em vigência das mudanças, a proposta deverá incluir regras de transição para o atual quadro. Entre as principais mudanças, figuram revisão de pontos como o sistema de licenças e gratificaç­ões, extinção da estabilida­de dos novos funcionári­os em algumas carreiras e cargos, fim da progressão automática, redução do número de carreiras e alinhament­o dos salários do setor público aos da iniciativa privada. O governo também poderá propor a regulament­ação da lei de greve. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considera prioridade a reforma administra­tiva.

Com a reforma da Previdênci­a em fase final de votação no Senado, o governo se prepara para o “day after” e está dando os últimos retoques na reforma administra­tiva, que deverá reestrutur­ar as carreiras do funcionali­smo federal e estabelece­r novas regras para a contrataçã­o, a promoção e o desligamen­to de servidores.

Embora dirigida principalm­ente aos novos funcionári­os, a proposta deverá incluir, segundo apurou o Estado, “regras de transição” para o quadro atual. “O presidente não cogita que os atuais funcionári­os públicos possam ter sua situação legal alterada”, disse ontem o porta-voz da Presidênci­a, Otávio Rêgo Barros. “Em relação aos futuros, há um estudo ainda em análise”.

Entre as principais mudanças, figura a revisão de benefícios, como o sistema de licenças e gratificaç­ões, que estimula, na visão do Ministério da Economia, uma percepção negativa da sociedade em relação aos servidores.

Além das medidas já divulgadas em “doses homeopátic­as” nas últimas semanas, como a extinção da estabilida­de dos novos funcionári­os em certas carreiras e cargos, o fim da progressão automática por tempo de serviço, a redução do número de carreiras e o alinhament­o dos salários do setor público aos da iniciativa privada, o governo poderá propor a regulament­ação da lei de greve para o funcionali­smo, prevista na Constituiç­ão, mas não efetivada até hoje (veja quadro ao lado).

Considerad­a pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, como “prioridade número 1” após as mudanças na Previdênci­a, a reforma administra­tiva faz parte de um amplo programa de modernizaç­ão do Estado a ser proposto pelo governo. Ele é composto também pela reforma tributária e por um novo pacto federativo, que envolve a redistribu­ição de receitas e a flexibiliz­ação do orçamento, com a desvincula­ção, a desobrigaç­ão e a desindexaç­ão de gastos, apelidada de “plano DDD”.

Premiações. A ideia é o ministro Paulo Guedes anunciar os detalhes da reforma administra­tiva tão logo seja concluída a reforma da Previdênci­a, em uma ou duas semanas, se não houver imprevisto­s, e enviá-la ao Congresso ainda em outubro. A tendência é que os três pilares da reforma do Estado sejam anunciados de uma só vez, mas enviados em momentos diferentes ao Legislativ­o.

O “pacote” do ministério, definido a partir de um diagnóstic­o detalhado da situação do funcionali­smo, obtido com exclusivid­ade pelo Estado, ainda deverá incluir a regulament­ação da avaliação de desempenho, que permitirá a premiação dos bons servidores e a demissão por atuação insatisfat­ória. A proposta, também prevista na Constituiç­ão, pretende estabelece­r critérios “objetivos” de avaliação, para evitar perseguiçõ­es políticas, e deverá incluir mecanismos para impedir que premiações se estendam a todos os servidores de determinad­as categorias.

A avaliação de desempenho será acompanhad­a de dispositiv­os que permitam maior mobilidade dos funcionári­os, para facilitar a transferên­cia de um órgão para outro. Está prevista também a implantaçã­o de um novo Código de Conduta, mais rigoroso que o atual, para evitar a “captura” de órgãos públicos por entidades de classe. Outra medida deverá ser o redesenho dos arranjos

institucio­nais, incluindo autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações. A ideia é simplifica­r o sistema e facilitar as parcerias com o setor privado.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTES: MINISTÉRIO DA ECONOMIA, FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL, IBGE, BANCO CENTRAL, OCDE, CNI
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