Chefe do setor de índios isolados pede demissão
Em carta à direção da Funai, Francisco Ribeiro, que atuava no AM, cita ‘precarização’ do serviço de proteção a indígenas
A divisão de proteção a índios isolados e de recente contato da Funai está sem comando na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas, uma das maiores demarcadas do País, com mais de 8 milhões de hectares, e que concentra o maior número de registros de povos isolados em todo o mundo.
Na sexta-feira passada, o coordenador-geral substituto da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, Francisco Ribeiro Gouvea, pediu para deixar o posto ontem. Na carta enviada à diretoria da Funai, Gouvea afirma que “é de conhecimento da alta da Funai, do governo federal e da sociedade brasileira e internacional a precarização/ fragilização dos meios para o atendimento de nossa missão institucional de proteção dos direitos dos povos indígenas isolados e de recente contato que vivem da terra indígena Vale do Javari”.
A saída de Gouvea ocorre após o futuro coordenador da divisão de isolados da Funai, Macxiel Pereira, ter sido assassinado, em 6 de setembro, a tiros na frente de seus familiares em Tabatinga (AM), além da decisão do governo de exonerar, na semana passada, o coordenador-geral da área em Brasília, Bruno Pereira.
O servidor, que ocupa o cargo de auxiliar indigenista na Funai, afirmou na carta que, nos últimos três meses, sua equipe fez “um esforço coletivo descomunal para cumprir com nosso dever institucional, mesmo sem as condições adequadas”. “Eu e meus colegas de trabalho vivemos um momento delicado com consecutivos ataques violentos contra uma de nossas bases de proteção etnoambiental e o assassinato de um colaborador nosso, que de dedicou grande parte de sua vida aos índios e à Funai”, comenta Gouvea. Macxiel foi indicado para coordenar a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari.
Procurada, a Funai declarou que as mudanças de cargos estão previstas em lei.