O Estado de S. Paulo

Investimen­to reflete interesse estratégic­o

- Roberto Godoy

Osubmarino S-41 Humaitá pode muito – quando estiver operando, vai poder disparar torpedos de 533 mm, lançar mísseis com alcance de 200 km, depositar minas e transporta­r times de forças especiais, combatente­s de elite liberados debaixo d’água prontos para entrar em ação. É o segundo de uma classe de quatro navios de 2,2 mil toneladas, 76 metros de compriment­o e quatro andares de altura, todos em construção no complexo de Itaguaí, um conjunto de 520 mil m² em instalaçõe­s avançadas no litoral sul do Rio. O primeiro, o S-40 Riachuelo, foi recebido pela Marinha em dezembro de 2018. Há pouco menos de um mês, em agosto, começou a fazer as provas de mar, duro ciclo de ensaios que vai se estender até o segundo semestre do ano que vem.

Os outros dois, o S-42 Tonelero e o S-43 Angostura, vão ser comissiona­dos em 2021 e 2022. Antes disso, em setembro de 2020, será a vez do Humaitá, que entrou agora na fase final de produção e montagem. É possível que no futuro próximo seja definido um aumento dessa flotilha, com a contrataçã­o de mais duas unidades. Um oficial integrante do Almirantad­o afirmou ontem ao Estado que essa é uma decisão política que depende de uma só condição: “dinheiro”. Iniciado em 2008, o Programa de Desenvolvi­mento de Submarinos (Prosub) é o principal elemento de dissuasão naval do País. É caro. Em 2029, quando finalmente deverá entrar na água o primeiro submarino de propulsão nuclear, a conta vai bater nos R$ 37 bilhões.

O investimen­to faz sentido. O Brasil projeta seu interesse estratégic­o por 4,5 milhões de km² ao sul do Oceano Atlântico, uma área por onde circulam 95% dos bens envolvidos no comércio exterior. Desse espaço, saem ainda 91% do petróleo e 73% do gás natural nacionais. Há também evidências de novas províncias petrolífer­as além dos campos do pré-sal. “É a parcela dos oceanos sobre a qual temos responsabi­lidades, direitos e deveres”, diz o comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior.

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