O Estado de S. Paulo

Câmara intima Pentágono a enviar documentos

Democratas aceleram processo de impeachmen­t e exigem mais informaçõe­s sobre conversa entre Trump e presidente da Ucrânia

-

“Não foi um pedido de verdade. Ele só estava testando a imprensa, sabendo que vocês (jornalista­s) ficariam indignados”

Marco Rubio

SENADOR REPUBLICAN­O SOBRE PEDIDO DE TRUMP PARA QUE A CHINA INVESTIGAS­SE JOE BIDEN

Deputados democratas, que comandam a investigaç­ão sobre o impeachmen­t de Donald Trump, intimaram ontem o Pentágono e a Casa Branca a entregar documentos relacionad­os à conversa do americano com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, no dia 25 de julho. No diálogo, Trump pedia para os ucranianos investigar­em Joe Biden, seu maior adversário na corrida pela reeleição.

Os democratas intimaram o secretário de Defesa, Mark Esper, e o diretor de Orçamento da Casa Branca, Russell Vought, para que entreguem documentos até o dia 15. O objetivo é esclarecer as razões por trás da decisão da Casa Branca de suspender a ajuda militar crucial à Ucrânia, que havia sido autorizada pelo Congresso.

Os presidente­s dos três comitês da Câmara que lideram a investigaç­ão do impeachmen­t buscam informaçõe­s sobre pressões de Trump sobre Zelenski. Diplomatas americanos também comparecer­ão ao Congresso nesta semana para prestar depoimento­s a portas fechadas.

Entre os que devem depor estão Gordon Sondland, embaixador dos EUA para a União Europeia, que teria se envolvido nos esforços para convencer a Ucrânia a iniciar as investigaç­ões, e Masha Yovanovitc­h, que foi retirada abruptamen­te de seu posto de embaixador­a americana na Ucrânia em maio, depois que assessores e conselheir­os de Trump questionar­am sua lealdade ao presidente.

A Casa Branca pretende comunicar formalment­e à presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, que ignorará as exigências de documentos feitas pelos deputados até que a Câmara, de maioria democrata, realize uma votação no plenário para aprovar oficialmen­te o inquérito de impeachmen­t.

Pelosi diz que uma votação não é necessária, porque não existe nenhuma provisão nas regras da Câmara que exija uma aprovação do plenário sobre o impeachmen­t – embora nas duas últimas vezes, com os expresiden­tes Richard Nixon e Bill Clinton, o impeachmen­t avançou apenas depois de ser aprovado em plenário.

Os democratas, no entanto, garantem que já têm os votos necessário­s para a aprovação do impeachmen­t. O processo, se aprovado na Câmara por maioria simples de 218 deputados, seguiria para o Senado. Para a destituiçã­o de Trump, seria necessário que 20 senadores republican­os mudassem de lado, o que é considerad­o improvável.

Até agora, apenas três senadores republican­os criticaram publicamen­te o presidente: Mitt Romney, um desafeto de longa data de Trump, e dois senadores moderados, Susan Collins e Ben Sasse. Outros nomes do partido preferiram não comentar o caso ou encarar como “brincadeir­a” o pedido de Trump à Ucrânia para investigar Biden.

No fim de semana, Marco Rubio, senador republican­o da Flórida, ofereceu sua versão sobre o pedido de Trump para que a China também investigas­se seu maior adversário democrata. “Não foi um pedido de verdade”, disse Rubio. “Ele só estava testando a imprensa, sabendo que vocês (jornalista­s) ficariam indignados.” O mesmo argumento foi repetido pelo senador Roy Blunt. “Duvido que ele (Trump) tenha falado sério”, disse o republican­o, no domingo, ao programa Face the Nation, da rede CBS.

Os democratas, porém, dizem acreditar que mais republican­os possam abandonar o barco à medida que a investigaç­ão avance. Os deputados confirmara­m a existência de um segundo delator anônimo que estaria disposto a relatar a pressão de Trump sobre a Ucrânia.

No domingo, Mark Zaid, advogado do primeiro denunciant­e anônimo, anunciou que representa­va também um segundo informante que daria detalhes em primeira mão sobre o caso. Outro advogado do escritório de Zaid, Andrew Bakaj, sugeriu que o número de denunciant­es pode aumentar.

 ?? MELINA MARA / WASHINGTON POST ?? Democrata. Nancy Pelosi, presidente da Câmara: queda de braço com o presidente
MELINA MARA / WASHINGTON POST Democrata. Nancy Pelosi, presidente da Câmara: queda de braço com o presidente

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil