O Estado de S. Paulo

Por monopólio do FGTS, Caixa pode reduzir tarifa

Hoje, banco cobra taxa de 1% para administra­r Fundo; proposta seria reduzir para 0,8%, mesmo assim custo seria de R$ 4,08 bi por ano

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Para manter o monopólio na gestão do FGTS, a Caixa Econômica Federal vai apresentar ao ministro da Economia, Paulo Guedes, uma proposta de redução da sua taxa de administra­ção.

Hoje, a Caixa cobra uma taxa de 1% para administra­r os quase R$ 550 bilhões do Fundo, que é usado para o financiame­nto de projetos de infraestru­tura, saneamento e habitação, como o Minha Casa Minha Vida. Segundo apurou o Estado, uma das propostas em análise é reduzir a taxa para 0,8%. Em 2018, o FGTS pagou R$ 5,1 bilhões ao banco do governo federal de taxa de administra­ção. Se fosse com a nova taxa, teria recebido R$ 4,08 bilhões.

O pacote de redução da taxa e modernizaç­ão tecnológic­a do FGTS será primeiro apresentad­o ao ministro Guedes para ser aprovado. A ideia é encaminhar a proposta em novembro ao Conselho Curador da FGTS, órgão que reúne representa­ntes do governo, dos trabalhado­res e de empregador­es.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, discutiu ontem o assunto com o ministro. Na conversa, Guimarães teve a garantia de que Guedes não pensa “em mudar nada agora” para quebrar o monopólio do FGTS.

O presidente Jair Bolsonaro também foi contundent­e em apoio à manutenção do monopólio da Caixa na gestão do FGTS. Bolsonaro disse que, se partir alguma sugestão do tipo do Congresso, ele pretende vetá-la. “Se o Congresso decidir quebrar o monopólio da Caixa, eu a vetarei segundo orientação da própria (ministério) Economia”, escreveu o presidente em seu Facebook.

O presidente da Caixa buscou apoio para manter a gestão do FGTS com o argumento de que a quebra do monopólio vai encarecer os custos para as Regiões Norte, Nordeste e outras localidade­s mais longínquas do interior, onde nem todos os bancos privados estão presentes. Pelo levantamen­to da Caixa, apenas 700 municípios só têm o banco estatal operando.

Na avaliação da Caixa, os outros bancos, com fim do monopólio, só terão interesse em financiar nas cidades mais rentáveis, do Sul e Sudeste. Hoje, o banco consegue, com uma taxa única, equilibrar os custos mais elevados para chegar nos locais de mais difícil acesso. O discurso da Caixa tem sido de que a manutenção do monopólio é a garantia de que Norte, Nordeste não vão pagar mais.

A ideia de acabar com o monopólio é defendida por uma ala da equipe econômica, como mostrou reportagem do Estado no dia 10 de setembro. “Não dá para um país do tamanho do Brasil contar com um banco só”, disse ao Estado Igor Vilas Boas de Freitas, diretor do departamen­to do FGTS do Ministério da Economia. Para os defensores da ideia, outros bancos poderiam cobrar menos pela administra­ção e oferecer maior retorno aos trabalhado­res com outros tipos de aplicação.

“Se o Congresso decidir quebrar o monopólio da Caixa, eu a vetarei segundo orientação da própria (ministério) Economia.”

Jair Bolsonaro

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

 ?? MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL - 28/5/2019 ?? Debate. Guimarães busca apoio para manter FGTS na Caixa
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL - 28/5/2019 Debate. Guimarães busca apoio para manter FGTS na Caixa

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