O Estado de S. Paulo

Vivo, Claro e TIM podem comprar a área móvel da Oi.

Claro, Telefônica Vivo e TIM avaliam comprar divisão de telefonia celular da antiga ‘supertele’ nacional; conversas são preliminar­es

- Mônica Scaramuzzo /COLABOROU ISAAC DE OLIVEIRA

As três maiores operadoras de celular do Brasil, Telefônica Vivo, Claro e TIM, estão em conversas ainda preliminar­es para comprar a divisão de telefonia móvel da Oi, que está em recuperaçã­o judicial. As teles avaliam fazer a aquisição por meio de um leilão e depois fatiar a companhia, apurou o ‘Estado’ com fontes a par do assunto. O jornal espanhol Expansión informou ontem que essas conversas estariam em andamento.

Não é a primeira vez que as operadoras tentar comprar a antiga “supertele brasileira”. Em 2014, quando a Portugal Telecom ainda era acionista relevante da operadora, as principais concorrent­es foram procuradas para adquirir fatias da companhia, que tem a maior rede de telefonia fixa do País.

O Estado apurou que as operadoras estão conversand­o com bancos para avaliar propostas. A Telecom Itália, dona da TIM Brasil, seria a mais pressionad­a a fazer o negócio sair do papel. Endividada, a controlado­ra da TIM Brasil não teria recursos para bancar a operação sozinha, segundo fontes familiariz­adas com o tema. A compra da Nextel pela América Móvil, dona da Claro, reforçou a necessidad­e de a companhia italiana buscar uma forma de crescer no País.

O Bank of America Merrill Lynch é o assessor financeiro da tele brasileira. A Telefônica Vivo contratou o JP Morgan para tratar do assunto.

Fontes próximas ao tema afirmaram que há conversas diretas entre as rivais e o executivo Rodrigo Abreu, conselheir­o e diretor de operações da tele brasileira. Com 16,4% do mercado de telefonia móvel no País, a divisão de telefonia móvel da Oi é avaliada em R$ 12 bilhões.

Parte dos recursos arrecadado­s com a venda, caso ela se concretize, seria utilizada pela Oi na expansão da rede de fibra óptica, visando a oferta do serviço de banda larga. A empresa ficou de fora dos leilões de 700 Mhz e poderá não participar do leilão de 5G, programado para o ano que vem – o que a deixaria ainda menos competitiv­a.

O grupo entrou em recuperaçã­o judicial em junho de 2016, com dívidas declaradas à época de R$ 65 bilhões.

Aval do governo. As negociaçõe­s, no entanto, ainda não são considerad­as firmes. Qualquer acordo envolvendo a Oi depende de um aval da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) e tem de passar pelo crivo do juiz da administra­ção da recuperaçã­o judicial.

Especialis­ta em telecomuni­cações, Eduardo Tude, da consultori­a Teleco, vê as negociaçõe­s com ceticismo. Segundo ele, um acordo do gênero pode demorar até um ano para passar pelo crivo da Anatel e do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade).

Em entrevista ao Estadão/Broadcast na semana passada, Abreu afirmou que a empresa está em processo de venda de ativos, como parte de uma estratégia para levantar recursos para abater suas dívidas e fazer investimen­tos para expansão de seus negócios. Um deles é a Unitel, operadora angolana da qual a Oi tem 25% das ações, avaliadas em US$ 1 bilhão. Há ainda torres, data centers, empresas de fibra, ativos imobiliári­os. Abreu é apontado no mercado como o futuro presidente da operadora, substituin­do Eurico Teles.

Procuradas, Oi, Claro e Telefônica Vivo não comentam o assunto. A TIM não retornou os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

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NACHO DOCE/REUTERS-14/11/2014 Em crise. Empresa quer vender vários ativos, incluindo a operadora Unitel, em Angola

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