‘E se fosse pra ter medo...’
Agente tem vivido coisas tão bizarras em 2019 que confesso sentir um certo estranhamento para escrever sobre coisas boas nesta coluna. Tantos assuntos urgentes. Peças censuradas. Sim. Censura. Mesmo. E então nada me parece importante. Muita coisa positiva a contar, mas e a censura? E a falta de recursos? E tudo o que está nos acontecendo? Pois. Mas falar de coisas que resistem apesar de tudo é uma maneira de lutar contra tudo isso, né? Lançamentos, shows, encontros, criações. O show não para. Ninguém para o show. Então hoje a coluna é sobre um marco de um selo, que, contrariando as expectativas, comemora duas décadas.
A YBmusic, produtora e selo independente comemora em outubro 20 anos de existência e resistência. São 20 anos de muita contribuição para a música brasileira. Esse selo que lançou discos como Rádio S.amba da Nação Zumbi, o primeiro disco da cantora e compositora Tulipa Ruiz, o Efêmera, o primeiro disco do cantor, compositor e baterista Curumin, Achados e Perdidos, Rômulo Fróes, Bruno Morais, Leo Cavalcanti, Karina Buhr, Lulina, Rodrigo Campos, Luedji Luna, Cacá Machado, Saulo Duarte e tantos outros.
O selo que ficou anos na Vila Madalena em um belíssimo estúdio, o estúdio A, que abrigou artistas criando, gravações, muitas conversas, encontros e audições de disco, e neste mês mudou de locação, deixando ali um tanto de história para comemorar.
Agora, em outubro, mês que comemora 20 anos, a YB prepara uma série de comemorações. São 8 shows em diferentes espaços da cidade. No teatro do Centro da Terra, o Sotaques YB: uma temporada com duetos. No Auditório Ibirapuera, o show YB20 que acontece no dia 11 de outubro com 16 artistas divididos em três atos: Canção É Sempre Canção, Afrobrasileirices e Pra Soltar a Pélvis. No Mundo Pensante, a banda Samuca e a Selva se apresenta com o disco que lançou em homenagem a Ronaldo Bastos: Tudo O Que Move É Sagrado. No Estúdio Bixiga, o encontro de Mauricio Tagliari (um dos donos do selo), Kiko Dinucci e Thomas Harres, o Bona Música tem shows infantis com Iara Rennó e Luz Marina e o mês festivo se encerra com Zudizilla no Estúdio Bixiga. A programação tem direção artística de Mauricio Tagliari e Alexandre Matias.
O mercado independente já tem hoje fórmulas e caminhos mais claros, alguns modelos para serem seguidos e um deles foi traçado por esse selo e com tantos artistas que por lá já passaram. Se 2009 era um período incerto e cheio de problemas no mercado fonográfico, 2019 ainda é um período incerto e cheio de questões, mas com alguns marcos e conquistas para comemorar. Eis aqui uma delas.