O Estado de S. Paulo

Cartagena Encantos dentro e fora dos muros

-

Na minha primeira tarde em Cartagena, aproveitei a chuvinha para sair do interior da muralha. A primeira parada foi o Castelo San Felipe de Barajas, a pouco mais de um quilômetro da Torre do Relógio e, assim como a cidade amuralhada, considerad­o patrimônio da humanidade pela Unesco.

O caminho até lá passa por uma região mais urbanizada de Cartagena, com supermerca­dos, comércios de médio porte e afins, que contrastam com a fortaleza de quase 400 anos de história que ocupa uma quadra inteira, circundada por muros e canhões.

O ingresso custa 25 mil pesos colombiano­s (cerca de R$ 30) e dá acesso a praticamen­te todas as estruturas do forte. A subida é por uma rampa que leva até um dos mirantes, mas há outras tantas escadas, portinhas e túneis escuros para conhecer, o que costuma prolongar a visita por uma ou duas horas.

Do forte, avistei o que parecia uma pequena igreja branca no topo de um morro, mas que sabia se tratar do Convento Santa Cruz de La Popa, que alguns dizem ser a vista mais bonita de Cartagena. Peguei um táxi até o local com o combinado de o motorista me esperar para o retorno (o que é de praxe por lá).

Paguei os cerca de R$ 15 de ingresso, subi as escadas e me deparei com o mirante. Infelizmen­te, o dia estava nublado e não pude avistar o famoso pôr do sol do convento. Caminhei pelo entorno da construção, entrei no jardim, observei os que oravam diante do altar. O número de visitantes não era tão grande quanto o do Castelo.

Onde curtir a noite. Quando saí novamente pela cidade amuralhada, as ruas estavam ainda mais cheias – as pessoas aproveitam a trégua do calorão proporcion­ada pela noite. Me encaminhei para Getsemaní, bairro boêmio que entrou no gosto dos turistas mais moderninho­s. Ele fica a cerca de 10 minutos a pé da Torre do Relógio, com sobrados antigos, bares e muita gente na rua, entre locais e viajantes, dando continuida­de à salada de idiomas de Cartagena.

A outra opção noturna são os bares e restaurant­es da cidade amuralhada, que reúnem gastronomi­a de origens diversas, assim como a música. Não quer gastar, comer ou beber? Caminhe um pouco, passe pelas praças e ouças as músicas que vêm de dentro dos bares e dos artistas de rua. Preste atenção na via para desviar das charretes e curta quando alguém passar cantando Robarte un Beso ou outro sucesso do Carlos Vives.

Antes de partir. Reservei um dia para ir às praias (leia mais no texto ao lado). Mas, antes de partir, dediquei a última manhã em Cartagena a um dos lugares que mais gosto de conhecer em viagens: teatros – no caso, o Adolfo Mejía (também conhecido como Heredia). Infelizmen­te, não consegui encaixar o roteiro com algum evento da (restrita) programaçã­o, mas aproveitei uma visita guiada particular. O custo é de cerca de R$ 15.

Inaugurado em 1911 em estilo europeu, o teatro tem sacadas de cedro e esculturas em mármore italiano. A visita começa por uma entrada lateral. Subo uma escada, dou alguns passos e tcharam: estou sobre o palco. Sigo sobre a estrutura de madeira e percebo estar debaixo dos afrescos de anjos pintados pelo panamenho Enrique Grau. Caminho entre os bancos e subo para os mezaninos, com detalhes em madeira e veludo, enquanto ouço a guia contar sobre os casamentos que famílias abastadas fazem ali.

Após subir todos os níveis, desço e dou uma última olhada para o teatro, em forma de ferradura. Sigo até a escadaria principal e, por fim, guardo alguns minutos para observar a fachada, em rosa claro e tons pastéis, que se destaca pela sobriedade em comparação ao colorido cartageno.

 ?? FOTOS PRISCILA MENGUE/ESTADÃO ?? Camarote. Público busca o melhor lugar nas muralhas para curtir o pôr do sol
FOTOS PRISCILA MENGUE/ESTADÃO Camarote. Público busca o melhor lugar nas muralhas para curtir o pôr do sol

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil