O Estado de S. Paulo

Fique atento ao Enem

Universida­des federais e estaduais de São Paulo oferecem vagas pelo Sisu, sistema de seleção do MEC. Algumas usam exclusivam­ente as notas do Enem, e outras dão bônus conforme o desempenho no exame

- / THAÍS FERRAZ e LYGIA RIBEIRO, ESPECIAIS PARA O ESTADO

Criado em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ganhou muita importânci­a na última década – em alguns casos, chegou até mesmo a substituir vestibular­es extremamen­te tradiciona­is. Hoje, as seis grandes universida­des públicas do Estado de São Paulo adotam, de diferentes formas, as notas do exame como forma de ingresso por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC). Por isso, é importante estar atento ao calendário de provas do Enem e também conhecer as regras específica­s de ingresso para cada uma das instituiçõ­es para saber como se candidatar corretamen­te a uma vaga.

Gratuito e aberto duas vezes ao ano, o Sisu é um programa que considera as notas do Enem para selecionar candidatos para estudarem em instituiçõ­es públicas (federais e estaduais). Uma das últimas universida­des a adotar a seleção também via Sisu, a Universida­de de São Paulo (USP) oferece 2.830 das suas 11.260 vagas em 2020 para quem pretende usar as notas do Enem.

Estudante do cursinho Etapa, Lucas Rodrigues de Aguiar, de 21 anos, tem um objetivo: ser aprovado no curso de Medicina da USP. “Eu decidi isso no 2.º ano do ensino médio, e a partir daí a minha rotina mudou bastante”, conta o aluno, que dedica em média 10 a 12 horas por dia à rotina de estudos.

Ele já fez o Enem em anos anteriores e agora se prepara para fazer a prova novamente. “Quando a nota do Enem passou a contar para universida­des públicas, o exame ganhou bastante importânci­a para mim”, conta. Além de fazer as provas da Fundação Universitá­ria para o Vestibular (Fuvest), ele também poderá tentar entrar na USP usando as notas do exame do MEC. “O Sisu ajuda muito a conquistar uma vaga, principalm­ente em um curso concorrido como Medicina, mesmo que seja em outras instituiçõ­es”, afirma.

Adoção integral. Duas instituiçõ­es públicas paulistas adotaram integralme­nte o Sisu como forma de seleção: a Universida­de Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universida­de Federal do ABC (UFABC). Na UFSCar, o desempenho no Enem é o único fator levado em consideraç­ão como forma de ingresso desde 2011. Desse modo, os candidatos são selecionad­os uma vez por ano, no primeiro semestre, por meio do Sisu.

O estudante que deseja concorrer às vagas da instituiçã­o deve realizar as provas do Enem e aguardar a divulgação das notas. Em janeiro, o MEC abre as inscri

Vou tentar várias faculdades públicas, até fora de São Paulo, como a Unicamp André Machado, aluno do Colégio CPV

ções para os alunos se candidatar­em a vagas nas instituiçõ­es públicas por meio do Sisu. Ainda assim, é importante estar atento ao regulament­o interno da UFSCar, que publica um edital para ingresso nos cursos de graduação na primeira semana de janeiro. Para 2020, a universida­de vai ofertar 2.897 vagas em 65 cursos, em seus quatro câmpus.

A UFABC também segue o calendário e as regras do Sisu. Quando as inscrições são abertas, os estudantes devem escolher uma das opções de cursos interdisci­plinares: o Bacharelad­o em Ciência e Tecnologia ou o Bacharelad­o em Ciências e Humanidade­s.

Sistemas mistos. A Universida­de Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), a Universida­de Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universida­de Estadual de Campinas (Unicamp), por sua vez, adotaram sistemas mistos, com parte das vagas reservadas a ingresso por meio do Sisu.

Na Unesp, o desempenho do Enem pode entrar com a nota do vestibular da instituiçã­o para compor o resultado final do candidato. Por isso, quem deseja usar a nota do Enem na Unesp deve indicar que realizou o exame na ficha de inscrição do vestibular tradiciona­l. A partir daí, a nota final é calculada com uma fórmula que combina o resultado do aluno na prova de conhecimen­tos gerais da instituiçã­o com o Enem.

Existem dois sistemas de ingresso na Unifesp: o misto – que exige realização do Enem e das provas próprias da instituiçã­o (para Ciências Biológicas, Engenharia Química e Medicina) – ea seleção via Sisu. Há ainda o Vestibular EAD para curso a distância.

Já a Unicamp oferece aos estudantes duas formas de seleção: via vestibular tradiciona­l, que encerrou inscrições em setembro, ou ingresso direto usando a nota do Enem. Mas atenção: no segundo caso, além de se candidatar via Sisu, o aluno tem também de se inscrever na página da Comissão Permanente para os Vestibular­es da Unicamp (Comvest), no período de 21 de outubro a 21 de novembro.

O estudante André Machado está de olho em uma das vagas da instituiçã­o estadual em Campinas. “Vou tentar várias faculdades públicas, até fora de São Paulo, como a Unicamp”, diz o aluno do Colégio CPV. Ainda muito novo, com apenas 16 anos, ele segue em dúvida sobre o curso que pretende seguir no ensino superior. “Na minha sala, muita gente mais velha do que eu ainda não sabe o que fazer. Acho que isso é normal. Nesta fase é tudo muito cobrado, mas é difícil pensar assim tão jovem no que você quer ser para o restante da vida.” Por isso, ele se inscreveu para concorrer a vagas em três graduações bem diferentes. “Eu vou prestar para Ciências Sociais, Artes Cênicas e Relações Internacio­nais”, conta o estudante.

Em todo o País. Mais de cem universida­des espalhadas pelo Brasil oferecem vagas pelo Sisu. Algumas instituiçõ­es possuem notas mínimas para determinad­os cursos. A exigência principal, porém, é que o estudante não pode zerar a nota de redação do Enem. No primeiro semestre de 2019, foram ofertadas 235.461 vagas em 6.435 cursos de 129 instituiçõ­es públicas. Já no segundo semestre foram 59.028 vagas em 1.731 cursos de 76 instituiçõ­es.

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GABRIELA CONTE Chances. Lucas, aluno do Etapa, vai fazer Fuvest e tentar vaga também via Sisu

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