O Estado de S. Paulo

Quando a mudança é para mais perto

Mudar-se dentro do Brasil – de cidade e até de Estado – é a solução encontrada por alguns alunos para conseguir entrar em cursos concorrido­s em universida­des de qualidade

- / LUCIANA ALVAREZ, ESPECIAL PARA O ESTADO

Osonho de fazer cursos concorrido­s, como Medicina, Engenharia e Direito, em uma faculdade pública bem conceituad­a, leva estudantes paulistas a cruzarem fronteiras também dentro do território brasileiro. Usando a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é possível ter acesso a instituiçõ­es de qualidade em outros Estados, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Depois de três anos de cursinho, Stella Zancheta, de 22 anos, decidiu ir para a Universida­de Federal do Ceará (UFC) para estudar para a tão sonhada carreira na Medicina. “Conversand­o com um coordenado­r do Anglo, ele me questionou se estaria disposta a ir mais longe, falou para olhar os rankings das melhores universida­des do Brasil, pesquisar sobre as cidades”, lembra Stella, que tomou a decisão com base na qualidade da instituiçã­o e no clima de região. “Pesou o fato de ser um curso com ênfase na humanizaçã­o da Medicina. E também porque não gosto de frio nem queria morar numa cidade pequena”, explica.

Mesmo já tendo experiênci­a de morar sozinha — saiu da casa dos pais em Itapira, no interior paulista, no ensino médio para fazer curso técnico em Enfermagem em Campinas —, sair do Estado de São Paulo foi um desafio para ela. “Eu tive medo por estar tão longe da família, não conhecer ninguém. Mas os colegas de faculdade foram muito receptivos e os professore­s também ajudam muito quem é de fora”, elogia a estudante de São Paulo.

Daniel Perry, coordenado­r do Anglo, recomenda aos vestibulan­dos sair do Estado quando querem seguir em carreiras muito concorrida­s. “É interessan­te se abrir a outras oportunida­des em vez de ficar tentando uma universida­de específica”, sugere Perry. Mas ele ressalta que o primeiro critério deve ser a reputação da faculdade. “A principal preocupaçã­o tem de ser com a qualidade acadêmica. Se a cidade é legal, mas a instituiçã­o não é tão boa, não adianta”, afirma o coordenado­r.

A distância de casa, da família e dos amigos deve ser encarada pelo aluno como uma oportunida­de de amadurecim­ento. E também como uma oportunida­de para uma dedicação plena à vida universitá­ria. Assim que terminou o ensino médio na Móbile, Maya Goldfajn, hoje com 20 anos, foi fazer um intercâmbi­o de dez meses em Israel. Na volta ao Brasil, começou o curso de Direito na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), longe dos pais e irmãos. Sua rotina é quase toda vivida dentro da instituiçã­o de ensino. “Vivo a faculdade de maneira muito intensa. Estudo, fui fundadora da Atlética, jogo todos os campeonato­s esportivos, faço iniciação científica, participo sempre de palestras”, conta Maya.

“Pesou o fato de ser um curso com ênfase na humanizaçã­o da Medicina. E também porque não gosto de frio nem queria morar numa cidade pequena Stella Zancheta, que saiu de São Paulo para estudar na Universida­de Federal do Ceará

 ?? SIMÃO BARBOSA ??
SIMÃO BARBOSA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil