O Estado de S. Paulo

SP, RS e MT ganham mais no novo acordo do pré-sal

Partilha foi aprovada na noite de ontem pelos deputados e precisa passar pela chancela dos senadores, em votação, na terça-feira

- Daniel Weterman Camila Turtelli / BRASÍLIA

São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso são os Estados que, proporcion­almente, mais ganham com o novo acordo, aprovado pela Câmara, para a divisão dos recursos do megaleilão de pré-sal, marcado para novembro. A expectativ­a é de arrecadaçã­o total de R$ 106,6 bilhões. Pelo projeto, que agora vai ao Senado, a cota de SP deve saltar de R$ 94 milhões para R$ 632,6 milhões.

São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso são os Estados que, proporcion­almente, mais ganham com o novo acordo para a divisão dos recursos do megaleilão de petróleo, marcado para novembro. A partilha anterior, que passou no Senado, mas foi rejeitada na Câmara, beneficiav­a mais o Norte e o Nordeste. A nova divisão foi aprovada ontem à noite pelos deputados e ainda precisa ser chancelada pelos senadores.

Agora, dos 10 Estados que mais receberão recursos, 5 estão no eixo Sudeste/Sul e Centro-Oeste e outros 5 são do Norte ou Nordeste, mostra pesquisa do Estadão/Broadcast. Na divisão anterior, oito Estados entre os dez primeiros da lista eram do Norte ou do Nordeste. O cálculo considera estimativa de R$ 106,6 bilhões na arrecadaçã­o do leilão.

São Paulo saltou de R$ 94 milhões para R$ 632,6 milhões entre uma proposta e outra, um aumento de 573% na expectativ­a de arrecadaçã­o. Foi justamente o governo paulista que sugeriu o novo cálculo de distribuiç­ão. Rio Grande do Sul receberia R$ 131,3 bilhões e agora vai ganhar R$ 450,3 milhões, uma elevação de 243%. Mato Grosso, por sua vez, conseguiu aumentar sua fatia de R$ 221,9 milhões para R$ 665,2 milhões, avanço de quase 200%.

Estados do Norte e do Nordeste, por outro lado, vão receber menos do que a proposta do Senado. Proporcion­almente, Roraima é o Estado que mais perderá na expectativ­a de repasses: vai de R$ 328,4 milhões para R$ 226,6 milhões, uma redução de 31%. Bahia e Pernambuco também viram seus valores caírem, mas continuam entre os dez que mais receberão.

O Rio de Janeiro é o governo que mais ganhará no leilão. A justificat­iva é que as áreas do pré-sal que serão leiloadas ficam no território onde está o Estado. O governo fluminense terá um repasse total de R$ 2,367 bilhões.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, foram os padrinhos da benesse para o Rio.

O projeto de lei com a nova divisão foi aprovado ontem na Câmara em votação simbólica, sem o registro eletrônico de como cada deputado votou. No Senado, a votação está marcada para a próxima terça-feira

Depois do pagamento de R$ 33,6 bilhões à Petrobrás pelos investimen­tos já feitos, o texto determina que 15% (R$ 10,95 bilhões) vão para os Estados, respeitand­o um cálculo misto: dois terços de acordo com os critérios do Fundo de Participaç­ão dos Estados – que beneficiam mais Norte e Nordeste – e um terço seguindo as regras do Fundo de Exportação e da Lei Kandir – que beneficiam Estados exportador­es.

Outros 15% (R$ 10,95 bilhões) vão para os municípios, segundo os critérios do Fundo de Participaç­ão dos Municípios, privilegia­ndo municípios mais pobres.

O restante, R$ 49 bilhões, vai para a União.

O texto aprovado pela Câmara permite que os municípios possam usar o dinheiro para cobrir o rombo previdenci­ário ou investimen­tos. Já os governador­es terão de usar a verba prioritari­amente para pagar dívidas da Previdênci­a. Só se sobrar dinheiro poderão fazer investimen­tos, cenário improvável para Estados endividado­s.

Comemoraçã­o. Maia comemorou a aprovação. Ele disse que a Câmara nunca quis reduzir os repasses às duas regiões e foi “injustamen­te” atacada. A cessão onerosa foi um acordo fechado pela Petrobrás com a União em 2010 e que permitiu à estatal, em troca de R$ 74,8 bilhões, explorar 5 bilhões de barris de petróleo na Bacia de Santos, sem licitação. O governo estima, porém, que a área pode render de 6 bilhões a 15 bilhões de barris. É esse volume excedente que a União vai leiloar.

“Eu acho que é o possível (novo texto sobre a partilha dos recursos do megaleilão do pré-sal ser aprovado pelo Senado e pela Câmara). Dá para compatibil­izar os dois ‘Brasis’.” Roberto Rocha (MA) LÍDER DO PSDB NO SENADO

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