Peixe-boi corre risco; caso motiva alerta de saúde
Duas tartarugas da espécie Lepidochelys olivacea – popularmente conhecida como tartaruga-oliva – foram encontradas cobertas por petróleo em Alagoas. Com isso, subiu para 16 o número de tartarugas atingidas, segundo levantamento divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Apenas quatro sobreviveram.
O espalhamento de óleo no litoral do Nordeste ameaça tartarugas, aves e o peixe-boi-marinho, o mamífero dos oceanos mais ameaçado de extinção do Brasil. Segundo especialistas, o petróleo pode afetar a digestão dos animais e o desenvolvimento de algas, essenciais para a cadeia alimentar dessas espécies.
Além disso, alertam, há possíveis riscos para a saúde humana. O vazamento do óleo já atinge 138 localidades, nos 9 Estados da região. “Sem dúvida, é o maior desastre ambiental no litoral do Nordeste do Brasil”, afirma o coordenador-geral do Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade Estadual de Rio Grande do Norte (Uern), Flávio Lima.
Lima e sua equipe estão envolvidos no atendimento de animais contaminados pela substância, cuja origem é atribuída à Venezuela, segundo análises feitas pela Petrobrás. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou ontem que a origem do vazamento seria um “navio estrangeiro”.
Riscos. Segundo a pesquisadora Liana Mendes, da organização da sociedade civil Oceânica, vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), uma das substâncias perigosas no petróleo cru é o benzeno, considerada cancerígena. Essa substância pode ocasionar a diminuição dos glóbulos brancos em humanos. “Com isso, as pessoas ficam suscetíveis a infecções”, afirma.
Para alertar a população, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Estado (Idema) e o Projeto Tamar elaboraram material educativo com os procedimentos que devem ser tomados em caso de contato com o óleo ou conhecimento de um animal que se contaminou.