Neymar diz ter privilégios na seleção; Tite afirma que não bajula ninguém
Seleção brasileira. Atacante, que completa cem jogos pela equipe hoje, no amistoso contra Senegal, entende ser natural o tratamento diferenciado pelo que representa e porque já carregou o time nas costas; técnico diz que não passa a mão na cabeça de nenhu
O atacante Neymar reconheceu ontem ter privilégios na seleção brasileira. Ele vai completar cem jogos pela equipe hoje, no amistoso contra Senegal em Cingapura, e avaliou que o tratamento diferenciado é natural, diante de sua importância. Disse que o mesmo acontece, por exemplo, com Messi no Barcelona.
“Estou na seleção há 10 anos (na verdade há nove, desde agosto de 2010). Sempre fui um dos principais nomes e um dos que carregavam tudo nas costas. Nunca fugi disso. Sempre desempenhei meu papel muito bem na seleção”, justificou.
Homenageado pela CBF com uma camisa alusiva à marca centenária, Neymar está convicto de que merece os privilégios. “Quando um atleta atinge um nível desses, é normal ter um tratamento diferente. No Barcelona, o Messi tem um tratamento diferente. É por que ele é mais bonito? Não. É por tudo que ele faz. Não digo só de mim, mas de todo mundo que mostra um futebol nesse nível. É normal no futebol, faz parte.”
As declarações de Neymar contrastam com as feitas pelo técnico Tite algumas horas antes da entrevista do atacante de 27 anos. Questionado sobre as críticas que recebe no País pela maneira como trata o atacante, ele reagiu de maneira firme.
“Não pago preço para ficar bajulando jogador nenhum. A minha verdade e a minha consciência são maiores. Tenho muita paz comigo mesmo”, disse. “Não passamos a mão na cabeça de ninguém. Ninguém se engana. Isso não faço. Faço o que tenho que fazer com Neymar, com Marquinhos, com Gabriel Jesus... não tenho isso”, completou o treinador.
Considerado a principal aposta para devolver ao Brasil o protagonismo no futebol, Neymar não vem conseguindo estar nas listas de melhores do mundo nas últimas temporada – 2017 foi o último ano em que esteve entre os finalistas da premiação da Fifa, sendo o terceiro coloca- do. Ele culpou as lesões que sofreu nos últimos anos por suas dificuldades, mas avalia que, mesmo assim, vem se saindo bem quando está em campo.
“É óbvio que meu objetivo é sempre estar entre os melhores. Nesses últimos dois anos, só não estive ali porque acabei me machucando, fiquei muito tempo fora. Isso atrapalha. Mas, se você analisar e pegar os jogos, números, enfim, vai ver que nunca deixei de jogar futebol”, ponderou. “Infelizmente isso é uma coisa na vida de um atleta que pode acontecer e tem que ter cabeça para dar a volta por cima. Terminando a temporada completa, pode ter certeza de que eu vou estar lá em cima.”
Feliz na França. Na última janela de transferências, Neymar foi um dos principais protagonistas, especialmente após afirmar que pretendia deixar o Paris Saint-Germain. O atacante, porém, permaneceu no clube francês e tem convivido com a insatisfação dos torcedores.
Ainda assim, vem conseguindo se destacar em campo, com quatro gols marcados em cinco jogos pelo PSG. E garante estar satisfeito. “Estou feliz na seleção e no clube também. Todo mundo sabe do que aconteceu no mercado de verão (europeu) e da vontade que eu tinha de sair. Hoje me sinto feliz e à vontade no clube também. A temporada começou muito boa para mim. Defenderei meu clube com unhas e dentes. Darei 100% para que conquistemos coisas grandes”, prometeu.
Para Neymar, o saldo pessoal nos 99 jogos que disputou pela seleção brasileira é bastante favorável. “O saldo fica muito positivo, mas, na vida de um atleta, nem sempre são só vitórias. São muitas decepções, derrotas, cometem-se muitos erros. Mas se você for um cara que batalha, no final de tudo consegue redimir seus erros. Estou muito feliz por atingir essa marca”, afirmou o atacante.