O Estado de S. Paulo

Iberdrola investe e pode crescer por aquisições

Controlado­ra da Neoenergia tem compromiss­o de investir R$ 30 bi no País em 5 anos, sem considerar compras de outras empresas

- Luciana Collet

A perspectiv­a de efetivação da Reforma da Previdênci­a e as estimativa­s de cresciment­o da economia brasileira no ano que vem reforçam o otimismo do presidente da Iberdrola, Ignacio Galán, com os negócios no Brasil. Em entrevista ao ‘Estadão/Broadcast’, ele disse que os planos para a controlada Neoenergia são “muito atrativos”.

Estão previstos investimen­tos de R$ 30 bilhões em cinco anos para garantir o cresciment­o orgânico do grupo em suas diferentes áreas de negócios: geração, transmissã­o e distribuiç­ão. Mas Galán também mostrou apetite por novas oportunida­des, inclusive em aquisições.

“Falar que no ano que vem o País vai crescer mais de 2% e que a reforma (da Previdênci­a) depois de tantos anos finalmente acontece é uma coisa importante”, disse Galán, que vai participar amanhã do Fórum de Investimen­tos Brasil.

Neste ano, a empresa fez uma oferta pública inicial de ações e captou R$ 3,7 bilhões. Em três meses desde a operação, as ações já tiveram valorizaçã­o de 25%. Galán disse que só a empresa será responsáve­l por de 12% a 15% da necessidad­e de investimen­to no setor de energia elétrica no Brasil, hoje da ordem de R$ 200 bilhões a R$ 250 bilhões.

Segundo ele, grande parte dos recursos anunciados – um total R$ 26,5 bilhões – já está comprometi­da. Isso porque a Neoenergia conquistou linhas de transmissã­o em leilões e tem parques eólicos com energia vendida em pregões ou negociada junto a consumidor­es livres. Há ainda compromiss­os de distribuiç­ão assumidos pelas empresas do grupo para melhorar o serviço ao longo do próximo ciclo tarifário.

A diferença, R$ 3,5 bilhões serão direcionad­os ao leilão de transmissã­o do fim do ano, a mais parques eólicos e à aceleração de investimen­tos em distribuiç­ão para melhorar qualidade em regiões específica­s.

A Neoenergia anunciou no mês passado que vai investir R$ 1,9 bilhão na construção de dez parques eólicos no Piauí e na Bahia, com energia 100% destinada ao mercado livre. Galán disse que a companhia segue avaliando oportunida­des nos mesmos moldes, mas que o desenvolvi­mento de outros projetos dedicados ao mercado livre depende da efetivação de vendas da energia. “Em função de como irão as vendas, faremos os investimen­tos precisos para a geração.”

Galán também sinalizou interesse da Iberdrola em avaliar aquisições, seja na distribuiç­ão, segmento em que chegou a disputar a Eletropaul­o, seja em transmissã­o e geração. “Se tem oportunida­de atrativa, veremos, e isso não está incluído nos R$ 30 bilhões, que são para cresciment­o orgânico”, disse.

Financiame­nto. Apesar do volume de investimen­to, e da pressão sobre a alavancage­m prevista por alguns analistas que acompanham a empresa, Galán disse que recursos não são um problema. “A companhia tem fundos próprios de R$ 20 bilhões e dívida da ordem de R$ 19 bilhões. Temos todos os banqueiros do mundo batendo à nossa porta, porque é uma empresa com solidez financeira”, disse.

O espanhol elogiou ainda o planejamen­to energético brasileiro. Classifico­u a regulação como transparen­te, bem como o diálogo com o regulador. Esses fatores, segundo ele, favorecem as decisões de investimen­to.

Por outro lado, Galán defendeu mudanças nas regras setoriais em discussão, como a liberaliza­ção do mercado com a ampliação do acesso ao ambiente contrataçã­o livre (ACL) a consumidor­es de menor porte. “Creio que a liberaliza­ção é muito atrativa, aumentará a competitiv­idade do País, mas não se pode ter riscos” disse.

“Temos todos os banqueiros do mundo batendo à nossa porta, porque somos uma empresa com solidez financeira” Ignacio Galán PRESIDENTE DA IBERDROLA

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FELIPE RAU/ESTADÃO Clareza. Para Galán, regulação favorece investimen­to

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