Nina Horta: a cronista maior da nossa cozinha
Nina Horta foi a maior cronistas de gastronomia do Brasil.
Cozinheira, empresária e colunista do jornal Folha de S. Paulo, morreu aos 80 anos no domingo (6), por decorrência de uma infecção generalizada.
Mantinha sua coluna na Folha desde 1987. Para falar de comida, escrevia sobre costumes, viagens e memórias, sempre com leveza e sabor únicos.
Sua primeira coletânea de crônicas, Não é Sopa! (Cia. das Letras), foi publicada em 1995. Em 2002, lançou o Vamos Comer — Da viagem das merendeiras, crônicas e conversas (Ed. MEC). Em 2016, ganhou o Prêmio Jabuti de gastronomia com O Frango Ensopado da Minha Mãe (Cia. das Letras), que reunia textos publicados ao longo de 20 anos. É leitura obrigatória para entender a mesa brasileira.
Sua última atuação na literatura foi a tradução do livro Sal, Gordura, Ácido, Calor, da chef Samin Nosrat (Cia. das Letras). A obra inspirou a série Salt Fat Acid Heat, da Netflix.
Nina também comandou durante 27 anos, ao lado da empresária Andrea Rinzler, o Buffet Ginger. Em 2012, as sócias romperam a parceria.
Mineira, passou a maior parte da vida em São Paulo, onde se formou e fez pós-graduação na Faculdade de Educação da USP, mas tinha verdadeira paixão por Paraty, onde manteve um sítio por mais de 30 anos.
“Não é Sopa mudou a forma como eu entendia a comida, e também a vida. Ela me ajudou a olhar para a comida com humor”, diz Rita Lobo, que ajudou Nina a organizar O Frango Ensopado da Minha Mãe. “Ela tinha um humor só dela, incomum na cozinha profissional. E enorme prazer pelas coisas simples.”
“Nina deixou uma herança. Precisaremos sempre voltar aos seus textos”, diz Maria Helena Guimarães, sócia do Ritz e do Spot, ex-cunhada e grande amiga da chef, com quem dividia longas conversas.
Para Neide Rigo, colunista do Paladar e amiga da escritora, o maior legado de Nina foi sua forma de escrever. Leia seu adeus pessoal no texto abaixo.