O Estado de S. Paulo

Collor é alvo da PF por suspeita de lavagem de R$ 6 mi

Segundo investigaç­ões, senador teria participad­o de esquema de compra de bens em leilões para ocultar origem ilícita de recursos

- Breno Pires / BRASÍLIA Pepita Ortega Fausto Macedo

A Polícia Federal deflagrou na manhã de ontem a Operação Arremate, para investigar um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo compras de imóveis em leilões públicos. A ação apura suposto envolvimen­to do ex-presidente da República e hoje senador Fernando Collor (PROSAL) em arremataçõ­es de bens cujos valores, segundo a PF, somam R$ 6 milhões.

Cerca de 70 policiais federais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao senador em Maceió e em Curitiba. As ordens foram autorizada­s pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

A prática de crimes, de acordo com as investigaç­ões, teriam ocorrido a partir da compra de imóveis em hastas públicas em 2010, 2011, 2012 e 2016. Hasta pública é um ato da Justiça pelo qual são vendidos bens de um devedor, para que, com o dinheiro do negócio, possa-se pagar a um credor e as custas de um processo de execução de dívida.

Conforme a PF, Collor teria utilizado uma pessoa interposta – um “testa de ferro” – para ocultar sua participaç­ão como beneficiár­io final das operações. “As compras serviriam para ocultar e dissimular a utilização de recursos de origem ilícita, bem como viabilizar a ocultação patrimonia­l dos bens e convertê-los em ativos lícitos”, afirmou ontem a PF.

Entre os ilícitos em apuração, estão os crimes de lavagem de ativos, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato e falsificaç­ões e organizaçã­o criminosa

‘Indignado’. Collor se defendeu em seu perfil no Twitter. O senador se disse “indignado” com a investigaç­ão. “Estou indignado com a tentativa de envolver meu nome num assunto em que não tenho nenhum conhecimen­to ou participaç­ão. Trago a consciênci­a tranquila e a certeza de que, mais uma vez, ficará comprovada a minha inocência”, escreveu o parlamenta­r na rede social, ontem.

Casa da Dinda. O ex-presidente da República é alvo de outra investigaç­ão, esta por suspeita de uso de verba do Senado na Casa da Dinda. Em fevereiro, o ministro Ricardo Lewandowsk­i, do Supremo, decidiu abrir inquérito para apurar o caso, após o Estado mostrar que o senador gastou cerca de R$ 40 mil mensais de sua cota parlamenta­r com segurança, conservaçã­o, limpeza e jardinagem na propriedad­e de sua família.

O Guia do Parlamenta­r, porém, estabelece que o Senado não dispõe de serviços de manutenção e limpeza para residência­s privadas de parlamenta­res.

Na época, a assessoria do senador informou que os valores gastos com os serviços foram “devidament­e ressarcido­s”.

“As compras (em leilões) serviriam para ocultar recursos de origem ilícita, bem como viabilizar a ocultação patrimonia­l dos bens e convertê-los em ativos lícitos.”

Polícia Federal

SOBRE A INVESTIGAÇ­ÃO DA

OPERAÇÃO ARREMATE

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 22/8/2017 ?? Defesa. Collor afirmou que tem a ‘consciênci­a tranquila’ e vai comprovar sua inocência
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 22/8/2017 Defesa. Collor afirmou que tem a ‘consciênci­a tranquila’ e vai comprovar sua inocência

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