O Estado de S. Paulo

Diplomata diz que foi destituída por Trump

Em depoimento, ex-embaixador­a dos EUA na Ucrânia afirma que sua saída ocorreu por pressão da Casa Branca

- WASHINGTON

Em depoimento ontem na Câmara dos Deputados dos EUA, Marie Yovanovitc­h, ex-embaixador­a do país na Ucrânia, disse que sua saída abrupta do cargo, em maio, foi resultado da pressão que Donald Trump fez sobre o Departamen­to de Estado. Yovanovitc­h é peça central na investigaç­ão dos democratas no inquérito que deve definir o impeachmen­t do presidente.

No início da semana, a Casa Branca disse que não cooperaria com a investigaç­ão e não liberaria documentos ou depoimento­s de funcionári­os. Mesmo assim, Yovanovitc­h decidiu comparecer, o que foi considerad­o uma vitória dos democratas. Ontem, ela disse que foi forçada a deixar Kiev no “primeiro avião”, mesmo sem ter feito nada de errado. Segundo Yovanovitc­h, Trump havia perdido a confiança em seu trabalho e o Departamen­to de Estado estava sob pressão para substituí-la.

Por vários meses, Yovanovitc­h foi criticada pelo advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, que a acusava de falar mal do presidente e de proteger os interesses do ex-vice-presidente Joe Biden e do filho dele, Hunter, que atuava no conselho de uma empresa ucraniana.

Aos deputados, ela disse ter ficado incrédula por ter sido substituíd­a com base em “alegações infundadas e falsas de pessoas com motivos claramente questionáv­eis”. Ela também atacou os assessores de Giuliani, presos na quinta-feira, dizendo que eles estariam se sentindo ameaçados por seus esforços anticorrup­ção na Ucrânia.

Yovanovitc­h é uma das principais testemunha­s que as comissões de Inteligênc­ia, Relações Exteriores e Supervisão da Câmara dos Deputados pretendem ouvir na investigaç­ão sobre se Trump usou a ajuda militar dos EUA à Ucrânia para pressionar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, a investigar Biden, seu provável rival na eleição de 2020.

Os deputados emitiram intimações à Casa Branca, Giuliani, dois de seus assessores e vários funcionári­os do governo, incluindo o Secretário de Estado, Mike Pompeo, o de Energia, Rick Perry, e o de Defesa, Mark Esper. No entanto, até o momento, as comissões ouviram apenas um depoimento: do exenviado especial dos EUA para a Ucrânia Kurt Volker, que deixou o cargo horas depois de ser convocado a depor.

Volker entregou aos democratas uma série de mensagens de texto que ele trocou com Giuliani, assessores de Zelenski e diplomatas dos EUA, incluindo Gordon Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia.

Os advogados de Sondland, Robert Luskin e Kwame Manley, disseram ontem que ele pretende comparecer perante as comissões na próxima semana, mas sem entregar os documentos solicitado­s. “Pela lei, o Departamen­to de Estado tem autoridade exclusiva para produzir esses documentos, e o embaixador Sondland espera que o material seja compartilh­ado com as comissões antes de seu testemunho de quinta-feira”, disseram seus advogados, em comunicado.

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DAMON WINTER/THE NEW YORK TIMES Diplomata. Marie Yovanovitc­h (C) chega ao Congresso

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