Votação expôs a fragilidade que presidente quer evitar
É JORNALISTA
Uma maneira de pensar sobre a reação de Donald Trump às óbvias derrotas republicanas é que ele é otimista. Mas ela subestima um tanto quanto as coisas. Trump não está só otimista diante da derrota, ele está negando a realidade. Suas afirmações de que as coisas correram bem são parte de uma apresentação de sua infalibilidade. Mas, embora ele possa muitas vezes falsear a realidade para reivindicar a vitória, as eleições – com vencedores e perdedores geralmente claros – tornam isso um pouco mais difícil.
Depois que a votação se encerrou em Kentucky, não demorou muito para a equipe de Trump começar a formatar a realidade do que acontecera. O fato, é claro, é que um governador republicano em um Estado no qual Trump ganhou por 30 pontos perdeu a eleição. Certamente, o governador Matt Bevin era profundamente impopular e, com certeza, outros candidatos republicanos a cargos eletivos se saíram melhor na noite de terça-feira, mas é difícil escapar do fato de que o Partido Republicano trabalhou para que Bevin mantivesse o cargo. Não foi a maior derrota da história, mas foi uma derrota. Segundo Brad Parscale, gerente de campanha de Trump, o presidente “praticamente arrastou Bevin até a linha de chegada, ajudando-o a correr mais do que o esperado”.
Há muitas pesquisas, segundo Trump, que o mostram o presidente se saindo muito melhor do que se poderia esperar. Houve uma sondagem nas eleições especiais da Carolina do Norte, vista apenas pelo presidente, que mostrou como os republicanos que concorriam nesses distritos conservadores superaram as expectativas com a ajuda de Trump. E, é claro, existem pesquisas mostrando o índice de aprovação de Trump em 95% entre eleitores do Partido Republicano – uma aprovação que não é encontrada em qualquer outra pesquisa. O presidente não inventaria isso, certo?
O fato de os democratas terem assumido o controle de ambas as câmaras da legislatura do Estado de Virgínia e a derrota de Bevin são péssimos sinais para o Partido Republicano, mas também não são o dia do juízo final. A Virgínia está ficando mais democrata a cada ciclo eleitoral. Bevin era impopular e sua derrota não afetou candidatos menos importantes do partido. Foi mais uma performance abaixo da média para os republicanos, mas não foi tão ruim quanto em 2018.