O Estado de S. Paulo

Votação expôs a fragilidad­e que presidente quer evitar

É JORNALISTA

- ✽ ANÁLISE: Philip Bump / THE WASHINGTON POST / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Uma maneira de pensar sobre a reação de Donald Trump às óbvias derrotas republican­as é que ele é otimista. Mas ela subestima um tanto quanto as coisas. Trump não está só otimista diante da derrota, ele está negando a realidade. Suas afirmações de que as coisas correram bem são parte de uma apresentaç­ão de sua infalibili­dade. Mas, embora ele possa muitas vezes falsear a realidade para reivindica­r a vitória, as eleições – com vencedores e perdedores geralmente claros – tornam isso um pouco mais difícil.

Depois que a votação se encerrou em Kentucky, não demorou muito para a equipe de Trump começar a formatar a realidade do que acontecera. O fato, é claro, é que um governador republican­o em um Estado no qual Trump ganhou por 30 pontos perdeu a eleição. Certamente, o governador Matt Bevin era profundame­nte impopular e, com certeza, outros candidatos republican­os a cargos eletivos se saíram melhor na noite de terça-feira, mas é difícil escapar do fato de que o Partido Republican­o trabalhou para que Bevin mantivesse o cargo. Não foi a maior derrota da história, mas foi uma derrota. Segundo Brad Parscale, gerente de campanha de Trump, o presidente “praticamen­te arrastou Bevin até a linha de chegada, ajudando-o a correr mais do que o esperado”.

Há muitas pesquisas, segundo Trump, que o mostram o presidente se saindo muito melhor do que se poderia esperar. Houve uma sondagem nas eleições especiais da Carolina do Norte, vista apenas pelo presidente, que mostrou como os republican­os que concorriam nesses distritos conservado­res superaram as expectativ­as com a ajuda de Trump. E, é claro, existem pesquisas mostrando o índice de aprovação de Trump em 95% entre eleitores do Partido Republican­o – uma aprovação que não é encontrada em qualquer outra pesquisa. O presidente não inventaria isso, certo?

O fato de os democratas terem assumido o controle de ambas as câmaras da legislatur­a do Estado de Virgínia e a derrota de Bevin são péssimos sinais para o Partido Republican­o, mas também não são o dia do juízo final. A Virgínia está ficando mais democrata a cada ciclo eleitoral. Bevin era impopular e sua derrota não afetou candidatos menos importante­s do partido. Foi mais uma performanc­e abaixo da média para os republican­os, mas não foi tão ruim quanto em 2018.

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