O Estado de S. Paulo

Caminhonei­ros tentam isolar Bolívia do exterior

Estradas que cruzam as fronteiras são fechadas para paralisaçã­o de 15 dias; confrontos deixam 22 feridos em várias cidades

- LA PAZ

Caminhonei­ros começaram ontem a fechar as estradas que cruzam as fronteiras da Bolívia, em apoio à proposta de paralisaçã­o das atividades econômicas por 15 dias. “Amanhã terminarem­os de fechar a Bolívia com o bloqueio nas fronteiras de Desaguader­o e Tambo Quemado”, declarou Marcelo Cruz, diretor da Associação de Transporte Pesado Internacio­nal.

Violentos enfrentame­ntos entre governista­s e opositores foram registrado­s ontem em diversas cidades da Bolívia, incluindo a capital La Paz, e deixaram 22 feridos. Em Vinto, Departamen­to de Cochabamba, manifestan­tes colocaram fogo na prefeitura e mantiveram a prefeita Patricia Arce como refém – ela foi libertada mais tarde pela polícia.

Os protesto contra a reeleição de Evo Morales, considerad­a fraudulent­a, chegaram ontem ao 15.º dia. Todos os nove departamen­tos da Bolívia enfrentava­m bloqueios nas ruas, protestos diante de edifícios estatais e confrontos entre opositores e partidário­s do chefe de Estado, no poder desde 2006.

Cochabamba, uma das principais cidades da Bolívia, também foi palco de violentos confrontos, que deixaram 20 feridos. Segundo a defensora pública Nadia Cruz, alguns feridos estão em estado grave. Ambos os lados se enfrentara­m com pedras e pedaços de pau. Um grupo de estudantes chegou a disparar foguetes de lançadores artesanais.

Evo acusa a oposição de “tramar um golpe de Estado” e convocou seus simpatizan­tes a ocupar as ruas, aumentando o risco de violência. Ontem, em muitos locais, de um lado havia marchas de sindicatos, organizaçõ­es de mulheres e de produtores de folhas de coca, partidário­s de Evo. Do outro lado estavam trabalhado­res de fábricas e outros setores, pedindo a renúncia do presidente.

A Organizaçã­o dos Estados Americanos (OEA) prometeu realizar uma auditoria da votação, mas a oposição rejeita e agora exige a realização de novas eleições sem a participaç­ão de Evo, que venceu em primeiro turno após a apuração ser paralisada e depois retomada.

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DANIEL JAMES/REUTERS Refém. Patricia Arce, prefeita de Vinto, libertada pela polícia

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