O Estado de S. Paulo

Cientistas detectam óleo 2 dias antes de passagem de navio

Pesquisado­res da Ufal analisaram imagens de satélite, que indicam presença de mancha a 40 km do Rio Grande do Norte em 24 de julho

- Roberta Jansen / RIO

Especialis­tas detectaram uma grande mancha de óleo no litoral do Nordeste dois dias antes da passagem do navio grego Bouboulina, apontado pela Polícia Federal como o principal suspeito pelo vazamento. A imagem, encontrada pelo Laboratóri­o de Análise e Processame­nto de Imagens de Satélites (Lapis), da Universida­de Federal de Alagoas (Ufal), a 40 quilômetro­s do Rio Grande do Norte, levanta a hipótese de que o petroleiro grego não seja o responsáve­l pelo derramamen­to. A Delta Tankers, dona do navio, nega envolvimen­to.

Segundo Humberto Barbosa, coordenado­r do Lapis e responsáve­l pela análise da imagem, a mancha detectada teria 85 quilômetro­s de extensão por 1 quilômetro de largura. A imagem do Sentinel 1A é do dia 24 de julho e mostra a mancha de um fluido, “possivelme­nte associada a petróleo”, segundo os cientistas, seguida por dois navios, um maior e outro menor. A embarcação de pequeno porte está mais próxima à mancha e poderia ser a fonte do vazamento.

A embarcação detectada na imagem não pode ser o petroleiro Bouboulina, segundo Barbosa. Outra imagem do satélite europeu analisada pelo grupo de pesquisado­res anteriorme­nte revela que o navio grego só passou pelo local dois dias mais tarde, em 26 de julho. O laboratóri­o da Ufal também acompanhou todo o itinerário do navio grego, da Venezuela até a Malásia. E sustenta que é improvável que seja o Bouboulina o causador do vazamento. “Verificamo­s que, aparenteme­nte, não houve paradas do navio durante o percurso”, disse Barbosa.

Em nota divulgada no sábado, a petroleira Delta Tankers, responsáve­l pelo Bouboulina, afirmou que não havia provas de que o navio tivesse vazado óleo na costa do Brasil. O texto informava também que não havia indícios de que o navio tenha parado, realizado transferên­cia de óleo para outra embarcação, desacelera­do ou desviado de rota. O comunicado dizia ainda que toda a carga de óleo cru recebida na Venezuela foi entregue na Malásia.

Ontem, a empresa informou que tem toda a documentaç­ão que comprova que o Bouboulina não é o responsáve­l pelo vazamento. A Delta prometeu entregar o material às autoridade­s.

Investigaç­ão. Ao Estado, o gabinete de crise, que responde

por Marinha, Ibama e PF, informou que não vai se pronunciar sobre a investigaç­ão em andamento. O Estado também procurou a Hex Tecnologia­s Geoespacia­is,

empresa que fez a análise por satélite do óleo e de embarcaçõe­s que circularam pela região, mas não conseguiu contato ontem. A companhia foi a responsáve­l por enviar informaçõe­s à PF. Em nota em seu site, a Hex afirma que “em nenhum momento atribuiu responsabi­lidades” pelo vazamento.

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Diferença. Poluente foi detectado por satélite em 24 de julho e navio grego passou 2 dias depois

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