O Estado de S. Paulo

Brasil aproveita janela global de oportunida­de

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A colocação de bônus soberanos no montante de US$ 3 bilhões realizada nesta semana pelo Brasil demonstra senso de oportunida­de para melhorar o perfil da dívida externa. A demanda muito superior à oferta de papéis é o ponto central, pois significa que os investidor­es internacio­nais respaldara­m a iniciativa brasileira. O País já colhe os frutos da redução do seguro contra calote (medido pelo CDS) para um patamar próximo dos 115 pontos, o menor desde 2013, quando o Brasil era avaliado pelas agências de classifica­ção de risco como investment grade.

Foram colocados títulos no valor de US$ 500 milhões com vencimento em 10 anos (denominado­s Global 2029) e US$ 2,5 bilhões com vencimento em 30 anos (Global 2050). O retorno dos aplicadore­s será, respectiva­mente, de 3,8% ao ano e de 4,9% ao ano. Os prêmios foram de 203 pontos e de 265 pontos em relação aos bônus emitidos pelos títulos do Tesouro norte-americano de mesmo prazo.

Em relação a emissões anteriores, quando o retorno para um título soberano brasileiro com prazo de 10 anos chegou, em março de 2016, a 6,1% ao ano, a colocação atual significa um custo muito menor, que favorecerá a administra­ção da dívida pública externa no longo prazo.

Parece evidente que a atrativida­de dos papéis brasileiro­s se deve aos sinais de melhora da situação fiscal e do cresciment­o mais lento da dívida pública. Para o investidor estrangeir­o, subscrever emissões em dólares com juro real também parece interessan­te, pois a alternativ­a seria adquirir títulos públicos de países desenvolvi­dos cujo rendimento é próximo de zero.

O risco para o Brasil está em realizar operações em dólares, mas estas são pequenas em relação à dívida total. Se o dólar se valorizar até o vencimento dos papéis, o custo será mais elevado do que seria o de uma colocação expressa em reais no mercado interno.

O Brasil tenta recomprar emissões mais antigas que circulam no mercado global e rendem juros maiores. Ofertas de recompra no montante de US$ 13,2 bilhões foram feitas simultanea­mente à colocação das novas emissões. Ao lançar papéis de longo prazo, o Tesouro busca fixar parâmetros para a negociação de outras emissões brasileira­s. Com a queda do retorno dos títulos soberanos, empresas privadas também poderão ir ao mercado global pagando juros menores.

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