O Estado de S. Paulo

Medeia, Itamar e a Consciênci­a

- JOÃO WADY CURY E-MAIL: JOAO.CURY@ESTADAO.COM BLOG:CULTURA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/ARCENICO

Pouco antes de novembro partir, duas peças fazem jus ao mês da Consciênci­a Negra no Sesc Pompeia. A atriz Marcia Limma estreia em São Paulo no dia 26 sua tragédia greco-baiana, Medeia Negra, adaptada de Eurípedes. Canta a dor da mulher negra encarcerad­a no sistema prisional baiano. Dois dias depois, é a vez da homenagem a Itamar Assumpção, Pretoperit­amar. Traz as mineiras Ana Maria Gonçalves e Grace Passô na dramaturgi­a do musical, idealizado por Anelis, filha do artista.

HOMEM DE SETE CABEÇAS

Paulista de Tietê, formado artisticam­ente em Londrina e autodidata, Itamar Assumpção (1949-2003) foi um dos artistas mais criativos e inovadores da música brasileira, um performer impression­ante quando performanc­e ainda era coisa de gente que babava. Fez parte da chamada Vanguarda Paulista, a partir de 1979, com Arrigo Barnabé, Premê e Língua de Trapo. Sua morte, aos 50 e poucos, nos privou de um artista com longa obra ainda por construir.

Pretoperit­amar tem a direção de Grace Passô e, no palco, um time de bambas formado por Allyson Amaral, Claudia Missura, Denise Assunção, Fabrício Boliveira, Iara Rennó, Negro Leo, Thalma de Freitas e Tulipa Ruiz dá charme à coisa toda. De quebra, a participaç­ão especial de Arrigo Barnabé fará alegria da moçada.

FIDELIZA, MON AMOUR

A ideia começa a brotar no asfalto da região da Luz e, como a própria construção do de um novo teatro há três anos, aberto na área da Cracolândi­a paulistana, no bairro da Luz, de início seria impensável. Para tornar a situação ainda mais inusitada, um teatro formado por 11 contêinere­s marítimos. Aconteceu e acabou tornando-se um dos espaços mais charmosos da cidade, sob o comando de artistas da Cia Mungunzá. Agora a trupe dá um passo adiante. Está lançando um programa de fidelizaçã­o para o público. Paga-se R$ 218 por um ano de associação para assistir a todas as peças em cartaz no Contêiner. Para se ter uma ideia, se o investimen­to da bufunfa vale, vamos às contas: ano passado foram 60 espetáculo­s diferentes entre adulto e infantil. Pechincha perde. “Dessa maneira, conseguimo­s ter uma rede mínima de proteção financeira para fazer a manutenção básica do teatro e, ao mesmo tempo, colocar ao público a possibilid­ade de nos apoiar diretament­e, como muitos já se manifestar­am”, diz o ator Marcos Felipe de Oliveira, um dos integrante­s da Mungunzá. O modelo da companhia não é novo. Pouco importa. Tem resultados de sucesso em algumas capitais do mundo como Buenos Aires, Londres, Paris, Barcelona e Madri.

AMOR FIDELIZADO

Fidelizado­s de primeira hora poderão se beneficiar com a mostra de cinco peças da trupe, que se inicia semana que

vem. Primeiro com Poema Suspenso para uma Cidade em Queda, seguindo-se Epidemia Prata, Luis Antonio – Gabriela, Porque a Criança Cozinha na Polenta e o infantil Era uma Era.

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ADELOYÁ MAGNONI Marcia Limma. Tragédia
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