NOVAS TECNOLOGIAS CRIAM CONVERGÊNCIA
Enquanto prefeituras País afora têm discutido, às vezes nos tribunais, formas de ordenar as mudanças que tem sido trazidas por novas tecnologias ao cotidiano das ruas, o Estadão Summit Brasil – O que é Poder? abordou, durante o painel O Poder das Cidades, outro ponto desse conflito: como as novas tecnologias podem melhorar o convívio dentro das áreas urbanas.
Aplicativos de mobilidade têm sido aqueles que mais ajudaram na integração entre as cidades, até aqui. Em Porto Alegre, por exemplo, informações coletadas em celulares de taxistas e de motoristas particular estão sendo usadas pela prefeitura para otimizar o funcionamento dos semáforos.
Em São Paulo, eles têm permitido que as pessoas tenham acesso a locais da cidade que, dada as dificuldades do transporte público, eram inacessíveis alguns anos atrás. “A gente pode trabalhar em conjunto para melhorar a vida das pessoas”, disse o líder de Relações Institucionais da 99, Paulo Dallari, um dos convidados do painel.
Um dos consensos do debate foi a descrição das cidades atuais. Responsáveis pela maior parte da produção e consumo de riquezas da sociedade, locais onde os poderes se manifestam – seja o poder econômico, seja o poder político em meio a manifestações. Desenvolvidas sem planejamento, viraram o centro de desequilíbrios sociais e econômicos, e palco de conflitos. “As cidades viraram palcos de desencontro entre exercícios de poder. E um futuro plausível, tão importante, é um futuro de um possível encontro para reduzir essa deseconomia (gerada pelos conflitos). As tecnologias constituem hoje a grande oportunidade para que a gente promova essa convergência”, disse o administrador Phillip Yang, fundador do Instituto Urbem, organização que fomenta desenvolvimento de cidades.
Para o professor da Escola Politécnica da USP Miguel Bucalem, ex-secretário de Desenvolvimento Urbano de São Paulo (2007-2012), é justamente nessa oportunidade que está o futuro das cidades. As soluções que as tecnologias vão trazer devem gerar novas fontes de riqueza tanto para o cenário urbano quando para seus agentes.
Ética. Por outro lado, depositar as esperanças de um futuro melhor nas novas soluções tecnológicas é algo a ser feito com cuidado, tendo em vista que as novas tecnologias têm também poder de repetir padrões desequilibrados que já estão presentes na nossa sociedade.
“Os algoritmos são programados por humanos e nós humanos somos falíveis, somos tendenciosos e cheios de bias (enviesados)”, argumentou a diretora-geral do Twitter no Brasil, Fiamma Zarife. “Precisamos ter muito cuidado de trazer ética para os algoritmos. A gente tem que trazer a sociedade civil, sociólogos, engenheiros e historiadores para não termos algoritmos enviesados.”
Zarife participou de um painel que discutiu O Poder da Diversidade , e destacou que as equipes que criam as inovações tecnológicas têm de refletir a diversidade da sociedade. Isso significa não só garantir a inclusão de mulheres não só nas equipes de programação e desenvolvimento, mas também criar condições para que elas cheguem aos cargos de chefia. –