Novos tempos, novos planos
Como a nova ordem econômica pode impactar nossa relação com o dinheiro
Apolítica monetária está se transformando globalmente. A principal mudança, sobretudo no Brasil, vem reforçada por juros baixos, as menores taxas que esta geração de brasileiros já viu. Ao mesmo tempo, as reformas encaminhadas pelo governo exigem uma organização diferente para garantir uma boa aposentadoria. Existe ainda o desafio de construir patrimônio em um mundo que privilegia os resultados imediatos e a fluidez – nas relações, no trabalho, na vida.
Como se preparar para este contexto tão diferente é um dos temas tratados no Congresso Planejar 2019. Para Jan Karsten, CFP®, presidente da Planejar, um dos palestrantes do evento, a acomodação dos brasileiros com a poupança está sendo revista, graças aos juros de um dígito. “A poupança ainda representa um filão importante, sobretudo para investidores com capacidade abaixo dos 200 mil reais, mas o fluxo está mudando rapidamente e seguirá assim”, projeta. “Os novos instrumentos financeiros vieram para ficar, e o investidor precisa escolher um novo perfil para si. Tal movimento demanda entender quais são as melhores alternativas dentro de um mercado com opções inéditas, como classes de ativos mais ligados a economia real, por exemplo, private equity e setor imobiliário.”
UMA NOVA FILOSOFIA PARA LIDAR COM O DINHEIRO?
O filósofo Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha de S. Paulo e professor da PUC-SP e da Faap, outro convidado a falar no congresso, avalia que, entre tantas mudanças, o dinheiro se mantém como o principal valor em nossa sociedade. “Existem muitos livros e palestrantes afirmando que não, mas a única coisa que não desmancha no ar é dinheiro. O problema é que ficou feio assumir isso em meio a tantas discussões sobre valores.” Para o filósofo, lidar com as finanças hoje exige uma percepção realista e não infantilizada. É preciso assumir que até as iniciativas mais “descoladas” do capitalismo, como a economia solidária ou evitar o uso de canudos de plástico, são ancoradas em monetizar algo. “Chegar aos 60 anos com cabeça de 20 não é amadurecer. É preciso deixar de ser um produto de si mesmo, exibido em redes sociais.” O caminho passa por abraçar certas ambivalências e frustrações. “Você pode chegar aos 50 anos com dinheiro, mas sem uma série de outras coisas”, pontua. A pergunta talvez seja: como garantir dinheiro, eleger reais necessidades e construir uma vida mais autêntica?