O Estado de S. Paulo

Maia ataca proposta de garimpo em terra indígena

Presidente da Câmara diz que arquivará projeto que autoriza atividade nas áreas demarcadas, proposta pelo governo

- Mariana Haubert / BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou ontem o projeto que o governo pretende enviar ao Congresso para legalizar a mineração em terras indígenas e disse que o País não crescerá apenas com as reformas econômicas. Em entrevista ao canal GloboNews, Maia disse que vai arquivar a proposta se ela chegar à Casa.

“A argumentaç­ão que eu vi hoje do ministro (Bento Albuquerqu­e, de Minas e Energia) não está adequada. Não é porque tem garimpo ilegal que a gente vai tratar de legalizar o garimpo. Temos que, primeiro, combater o que é ilegal e fazer um amplo debate sobre esse tema. O tema do garimpo não é simples e o tema do garimpo em terra indígena é mais complexo ainda”, afirmou Maia, ao sair de um evento na Câmara.

Para ele, o Estado brasileiro precisa cumprir sua parte no combate ao que é ilegal e depois discutir se há espaço e quais são as condições para avançar com o debate sobre o tema.

Maia também criticou o governo por não promover um maior diálogo sobre o projeto e lembrou que ele deverá ser apresentad­o no momento em que o Brasil é criticado no exterior em relação a problemas no meio ambiente.

“As reformas, por si só, não vão fazer este Brasil crescer. A proteção do meio ambiente, nossa democracia, o bom diálogo com nossos vizinhos e com outros países é que vai fazer esse País crescer”, afirmou.

Em agosto, o Estado mostrou que a determinaç­ão do governo federal de permitir a exploração mineral em terras indígenas tem potencial para afetar quase um terço das reservas no País.

Prevista na Constituiç­ão de 1988, a atividade em território­s demarcados nunca foi regulament­ada e é alvo de discussão no Congresso há décadas. O assunto foi tratado com insistênci­a pelo presidente Jair Bolsonaro, declaradam­ente favorável à mineração em áreas indígenas, inclusive demarcadas.

Segundo cálculos do Instituto Socioambie­ntal (ISA), havia em agosto 4.332 requerimen­tos para exploração do subsolo em 214 das 735 áreas indígenas registrado­s na Agência Nacional de Mineração – 29,1% do total, inclusive nos parques indígenas de Tumucumaqu­e (AP e PA), Araguaia (TO) e Aripuanã (MT).

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RENATO COSTA /FRAMEPHOTO Presidente. Rodrigo Maia, durante solenidade na Câmara

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