O Estado de S. Paulo

Ex-ministro do STJ chama Palocci de ‘delinquent­e’

- / P.O. e F.M.

O ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha afirmou que vai processar o ex-ministro Antonio Palocci, que o delatou por suposta propina para enterrar a Operação Castelo de Areia, em 2010. Em nota divulgada por meio de sua assessoria de imprensa, Asfor Rocha chamou Palocci de “delinquent­e”.

“Palocci dissemina mentiras com base no que diz ter ouvido falar”, disse Asfor Rocha. “Por falta de consistênc­ia e provas, essa mesma ‘delação’ foi recusada pelo Ministério Público Federal”, afirmou. Hoje aposentado, o ex-ministro mantém escritório de advocacia em São Paulo, que não foi vasculhado.

Em um anexo de sua colaboraçã­o, Palocci disse que a empreiteir­a Camargo Corrêa teria repassado R$ 50 milhões para o governo do PT viabilizar o arquivamen­to da Castelo de Areia – investigaç­ão instaurada em 2009, envolvendo a construtor­a e supostos pagamentos ilegais, em forma de “doações” para as campanhas eleitorais de políticos e de diversos partidos.

Conforme a delação do ex-ministro de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, parte do montante que foi disponibil­izado pela empreiteir­a teria sido destinado ao então presidente do STJ que, naquele ano, concedeu liminar (decisão judicial provisória), que suspendeu a operação Castelo de Areia.

A decisão de Asfor Rocha depois confirmada no mérito pela Sexta Turma da Corte e, mais tarde, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Asfor Rocha foi ministro do STJ entre 1992 e 2012 e ocupou a presidênci­a do tribunal entre 2008 e 2010. Em setembro de 2012, decidiu antecipar sua aposentado­ria. Ele poderia permanecer no cargo até 2018, mas decidiu deixar o tribunal e voltar para a advocacia.

A delação de Palocci tem 86 páginas e 39 anexos, em que o ex-ministro petista relata casos de corrupção envolvendo políticos, servidores empresário­s e ministros.

As declaraçõe­s do ex-ministro tinha sido rejeitadas pelo Ministério Público Federal, que considerou que ele não apresentou provas das acusações, mas foram aceitas pela Polícia Federal (PF).

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